19 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

O que eu penso que o Bolsonaro realmente quis dizer com “eu quero que o povo se arme”

Não, eu não disponho de poderes paranormais que me permitam adivinhar pensamentos.
Muito menos possuo procuração para defender o presidente – até porque o que ele disse não carece de defesa, por não haver, em si, erro ou crime.
Mas acho que, ao proferir a frase tão duramente atacada pelos adversários, como seria de se esperar, e defendida ardentemente pelos apoiadores – como também seria óbvio – o presidente talvez tivesse em mente os Estados Unidos.
“Pronto! Lá vem você com essa paixão americanófila!”, dirá algum amigo, irritado. Sim, eu amo os Estados Unidos, como já deixei claro em vários textos aqui.
(Se você não ama a Terra da Liberdade, tudo bem: vá em sua página e escreva um texto, que acredito que será magnífico, sobre as mazelas estadunidenses – só os bobos usam esse termo, “estadunidenses”, acho que você não vai usar, né? Eu não tenho amigos bobos.)
Mas é não do meu amor pelos U.S.A. que quero falar: é do amor dos americanos pela sua pátria – e sobre como acredito que era esse amor que o Bolseiro tinha em mente quando falou sobre armas.
Não vou entrar em estatísticas cansativas – e conhecidas – que apontam que, mesmo com uma população bem maior que a brasileira (cerca de 328 milhões contra 210 milhões), e com cerca de 390 milhões de armas – contra 18 milhões de habitantes armados no Brasil – , os Estados Unidos têm uma taxa de homicídios 5 vezes menor do que a do nosso país.
(Pausa para você absorver os números)
Fui pela primeira vez aos Estados Unidos em 2015 – e retornei mais 8 vezes depois. E, em meio ao gigantesco impacto que a primeira visita e todas as subsequentes causaram em mim, lembro com exatidão o misto de estupefação e tristeza quando percebi algo que os americanos nem devem notar mais:
A ausência de grades.

Não me entendam mal: claro que há grades em muitos locais. Mas há também uma quantidade incalculável de residências onde elas simplesmente… não existem.
Pois há um sentimento de segurança. De que uma família pode garantir sua tranquilidade por si só – se for necessário, o que todos esperam que não seja.
Penso que as armas que inúmeros americanos possuem não são apenas um desejo de segurança individual.
Mas o símbolo de um apego feroz e apaixonado à sua terra. E representam um recado claro ao mundo.

Quem um dia sequer pensar em tentar invadir os Estados Unidos terá que lidar não apenas com as Forças Armadas americanas: mas com um exército de apaixonados em cada casa, cada quintal.
Posso estar enganado, mas penso que a imagem que o Bolseiro tinha em mente ao proferir sua polêmica frase era exatamente esse amor.
Representado por:
Uma casa sem grades.
Um povo livre.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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