29 de março de 2024
Joseph Agamol

O Prêmio Nobel jamais ganhou Guimarães Rosa


O Brasil tem me dado poucos motivos para ter orgulho em ser brasileiro, como meus amigos aqui sabem.
Um desses raros motivos que me faria brandir uma bandeira verde-amarela e sair bradando “eu sou brasileiro…” por aí faria hoje 110 anos.
Guimarães Rosa.
Guimarães Rosa pintou o Brasil como nenhum outro: nem Drummond, nem Amado, nem Veríssimo (o pai, o grande Érico), nem Machado, acreditem.
(Sim, pintou, pois que escrevia como quem pinta, criando e recriando o sertão à sua moda, em generosas pinceladas, espalhando cores no interior dourado de Minas, guache de palavras amalgamando o agreste, dando forma ao que só existia em pensamento, o Verbo tornado livro.)
Eita, Guimarães Rosa me dá até uma saudade de ser brasileiro, sabia?
De ver ao vivo o cinza e o ocre das veredas interioranas,
de beber na fonte do povo real,
da sabedoria que brota feito macaxeira,
nos montes e prados e ribanceiras dos caminhares das Geraes,
nas trilhas do ouro e da prata,
das estradas percorridas por El-Rei,
dos redemoinhos, da poeira do chão.
Eita, que Guimarães Rosa quase que me dá é vontade de ser brasileiro!
O Prêmio Nobel nunca ganhou Guimarães Rosa.
Mas, como ele mesmo disse em Grande Sertão,
“Sorte é isto. Merecer e ter.”,
faltou foi sorte ao prêmio Nobel para ganhar Guimarães Rosa.
Eita, que só Guimarães Rosa pra me dar remorso de não ser brasileiro!

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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