– oi… e aí, como ‘cê tá? Olha, a gente precisa MESMO conversar… então, sabe o que é? Você é uma MARAVILHA, mas não dá mais, viu? O problema não é VOCÊ – o problema sou eu! Você merece alguém melhor do que eu! Pronto, é isso!
Atire a primeira pedra quem nunca quis terminar um relacionamento e, sem coragem para mandar a real – o sentimento acabou – usou dessa fórmula canhestra e desonesta para tentar evitar que a outra parte sofresse.
É mais ou menos assim que me sinto em relação ao Brasil.
A cada traulitada simbólica, a cada nova falcatrua, a cada ato que comprova que falhamos no processo de criar uma nação no lado de baixo do Equador, eu me sinto desse jeito: o amor acabou.
Pode ser mais uma ramificação corrupta encontrada, mais um político descoberto com a boca na botija, mais um professor ignorante – no sentido lato da palavra -, mais um militante tacanho, mais um artista/intelectual que não faz arte nem intelecta, mais um jornalista desinformado, mais um religioso que desconhece Deus, enfim, o amor que nutria por esse país foi sucumbindo diante de tantos golpes.
Mais ou menos como relações entre gentes de carne e osso, onde brigas e traições vão solapando o sentimento até que – voilà! – ele termina.
Quando eu não sabia nada que nem o Jon Snow eu ficava intrigado com isso – com essa instantaneidade do fim de algo que parecia que duraria para sempre. Esse acordar de manhã e perguntar: ué, cadê o amor?
Depois, um pouco menos bobo, eu descobri que amor nenhum termina de repente:
O amor vai é esmorecendo aos cadinhos a cada dia, vai se economizando no deslumbre.
O que acontece de repente é a percepção de que esmaeceu. Descorou. Perdeu o tom, o lume, a cor.
Hoje eu acordei de manhã e percebi que não amo mais o Brasil.
Ele merece alguém melhor do que eu.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.