28 de março de 2024
Colunistas Joseph Agamol

Escrever é como lançar uma garrafa virtual em um oceano virtual – e esperar que alguém real a encontre

Na minha pequena biografia de perfil está assim: “um cara que escreve”, que é o título do meu livro, também, editado pelo meu amigo Guca Domenico. Aliás, o Guca está lançando um livro, também, o Faceguca. Já encomendaram?

Tive um amigo guitarrista que dizia que era só um cara que arranhava um instrumento, pois, segundo ele, só quem vivia de música podia definir-se como “músico”.

Tendo a concordar com ele, uma vez que ganhei algum dinheiro com coisas que escrevi, mas não vivo da escrita. E ainda lembro o primeiro dos caraminguás que recebi por algo produzido por minha cabeça e dedos: foi durante um concurso de redação da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, em 1979 ou 80, e sobre a Receita Federal – acreditem.

O tal concurso foi imposto como tarefa durante a aula de Português e, mesmo contrariado, rabisquei algumas linhas mau humoradas, ácidas e com meu senso de humor já peculiar aos meus 13 ou 14 anos, e onde basicamente eu desancava a Receita Federal e descia a borduna no sistema – tudo com uma certa finesse, claro.

Não ganhei o tal concurso – mas fiquei em terceiro lugar entre os concorrentes de todo o Estado, o que me rendeu uma certa fama entre as meninas da escola e um relógio importado, disponibilizado como prêmio. De lá pra cá escrevi de um tudo nesse latifúndio: cometi meus poemas desorientados de adolescente esquisito, compus letras de músicas, criei e esqueci personagens, e elaborei muitas aulas – já que, logo que comecei a lecionar, ficou claro que os alunos gostavam mais dos textos que eu produzia do que os dos livros didáticos.

Todo esse papo é para informá-lo, meu fiel ou eventual leitor, caso você não saiba, que hoje é o Dia do Escritor. Ao menos no Brasil, como varias outras excentricidades aqui do Principado de Bananistão. O resto do mundo comemora essa data em 13 de outubro. Então, aproveito esse espaço para homenagear os homens e mulheres que fizeram – e fazem até hoje – da minha vida um lugar um pouco mais feliz. Que foram meus mestres em maior ou menor grau. E agradecer também, aonde quer que eles estejam.

Caras como Stephen King, Neil Gaiman, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Agatha Christie, Antonio Machado, Tolkien, C.S. Lewis, José de Alencar, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Cecília Meireles… e mais uma pequena legião que não caberia nos estreitos limites dessa postagem, que já editei algumas vezes na tentativa inútil de corrigir eventuais esquecimentos.

E, por último e mais importante, meu agradecimento a quem dedica alguns minutinhos da sua vida a buscar garrafas virtuais em mares virtuais. Você. Você que me lê como, sei lá, um livro bom. E que exagera nas gentilezas a cada texto meu. Procuro sempre agradecer, vocês sabem. Gentileza é algo raro e precioso.

Feliz Dia do Escritor, meu amigo fiel ou eventual.

Pretendo continuar lançando algumas garrafas – e vou torcer para que você as encontre.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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