Eu torci pelo Collor, pelo Loola, pela Deelma e até pelo Temer. Só sinto constrangimento por ter torcido pelo FHC.
Sim, amigos e vizinhos. Torci por toda essa escoalha supracitada. Gente que, se eu visitasse a casa, não comeria um ovo cozido, como dizia minha avó.
Mas torci. Sem vergonha, no bom sentido. Por acreditar que o sucesso do governo dessas figuras seria o sucesso para tanta gente sofrida do Brasil.
O único desses elementos – para ser gentil, estou numa boa vibe hoje – para os quais torci e cuja torcida me deixa constrangido é FHC.
FHC é o muso dos líbero-Kombi-isentões.
Com seus diplomas honoris-causa, sua poliglossia e sua fala em afetado falsete, faz a alegria de uma determinada fatia de brasileiros.
Aquela que come sardinha e arrota caviar, que bebe corote e peida Perrier, que toma banho com sabão de coco e exala Boss.
Ou seja: gente que valoriza mais a forma que o conteúdo, mais o glacê do que o bolo, mais o enfeite que o recheio.
A fala mais recente de FHC, onde apela por “diálogo conciliador” com Loola, só surpreende quem nada entende de política e pensa, por exemplo, que o PSDB é “direita”.
Lembro até hoje de quando o ex-presida (de “presidiário”) foi finalmente eleito, após três derrotas seguidas, uma para Collor e duas para o próprio Cardoso.
Na posse, sussurrou no ouvido peludo do tucano: “você tem um amigo aqui”.
Saiu no “Globo” da época, para quem não acredita.
FHC foi quem abriu a estrada para a Esquerda radical no Brasil e toda a sua dominação, sendo o ponta de lança de toda a devastação social e cultural que atingiu o Brasil em seguida.
Por isso que me envergonho de ter torcido para que seu governo fosse – como de fato foi – bem sucedido.
Porque esse sucesso, medido apenas em indicadores socioeconômicos, foi a causa de um mal maior ao país.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.