O Brasil não nos tem dado pródigos motivos para termos orgulho em ser brasileiros, convenhamos.
Um desses raros motivos que me faria brandir uma bandeira verde-amarela e sair bradando “eu sou brasileiro…” tem nome – ou sobrenome – e estaria hoje completando 114 anos.
Guimarães Rosa!
Guimarães Rosa pintou o Brasil como nenhum outro: nem Drummond, nem Amado, nem Veríssimo (o pai, o grande Érico), nem Machado, acreditem.
(Sim, pintou, pois que escrevia como quem pinta, criando e recriando o sertão à sua moda, em generosas pinceladas, espalhando cores no interior dourado de Minas, guache de palavras amalgamando o agreste, dando forma ao que só existia em pensamento, o Verbo tornado livro.)
Eita, Guimarães Rosa me dá até uma saudade de ser brasileiro, sabia?!
De ver ao vivo o cinza e o ocre das veredas interioranas, de beber na fonte do povo real, da sabedoria que brota feito macaxeira, nos montes e prados e ribanceiras dos caminhares das Geraes, nas trilhas do ouro e da prata, das estradas percorridas por El-Rei, dos redemoinhos, da poeira do chão.
O Prêmio Nobel nunca conquistou Guimarães Rosa.
Mas, como ele mesmo disse em “Grande Sertão: Veredas”:
“Sorte é isto. Merecer e ter.”
Faltou foi sorte ao prêmio Nobel para ganhar Guimarães Rosa.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.