Mas não é um erro qualquer, não, daqueles erros vulgares e comezinhos que todos cometemos.
Não é como confundir o troco, furar um passe na pelada de domingo ou esquecer o trajeto até o trabalho.
Não é como errar a medida da água do arroz (uma medida de arroz, duas de água), tacar sal demais nos ovos mexidos ou açúcar de menos no café.
Não é como escolher ir em mangas de camisa e fazer frio, tirar o cobertor do armário e fazer calor de noite ou só lembrar de pegar a toalha quando já está todo ensaboado.
O Brasil erra é com VOLÚPIA, com olho rútilo de personagem de Nelson Rodrigues, o Brasil se entrega GOSTOSAMENTE ao erro, com ORGULHO de errar, o Brasil erra babando na gravata, cercado de toda a pompa e circunstância, sabendo do imenso, absurdo, grotesco e bizarro erro vai cometer – mas assim mesmo comete.
Tudo isso me vem à mente ao contemplar o quadro que me parece cada vez mais irreversível para o naufrágio do Brasil.
Porque o Brasil tem não apenas um fetiche pelo erro.
Mas uma verdadeira VOCAÇÃO para o equívoco.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.