No meu caso, nem era casaco, muito menos marrom: era uma velha camisa de flanela, xadrez, muito antes do xadrez entrar na moda, comprada na C&A, após muita poupação de dinheiro.
Nem era muito grosso (o casaco que não era casaco, viu?), mas que bastava para seus dois misteres: quebrar um pouco o vento de maio da Tijuca e Vila Isabel, bairros que eu frequentava, vizinhos do meu colégio, e disfarçar minha magreza extrema de adolescente, já com meus 1.90m e parcos 65kg.
Eu era um jovem lobo em busca do meu caminho, ainda, de calças jeans surradas e o casaco de flanela, palmilhando as ruas suburbanas, da 28 de Setembro até a Praça Saens Peña, passando pela Pereira Nunes e o velho rio Maracanã: eu era o herói e meu cavalo não falava inglês, era um All-Star azul, quando os all-stares custavam o mesmo que uma Havaianas de portuga.
Hoje, All-Star e Havaianas são cool e caros, o rio Maracanã parece que encolheu, assim como o antes altivo estádio, e até meus 1.90m perderam 5cm, levados pelo Sr. Tempo, esse tira malvado que me acrescentou uns 30kg, só de graça.
Acho que demodê sou eu, cavaleiro da triste figura que acha melhor ser alegre que ser triste, empunhando meu Chicabon remanescente como uma lança, contra os moinhos do mundo moderno.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.
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