25 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

Construa memórias como quem edifica um jardim

O sabor exato do bolo que sua mãe fazia no dia dos seus anos.

Foto: Norman Parkinson, casal construindo memórias em Nova York, 1960

O primeiro beijo na pessoa que, sim, fez com que descobrisse que a amaria por toda a vida.

O sol sobre as ruas no início das férias de verão. O momento em que deitou-se sobre a grama, debaixo do céu incontível, e descobriu que as estrelas tem cor.

O chute no interior de sua barriga que mostrou que você nunca mais ficaria sozinha. O ultrassom borrado que mostrou que você nunca mais ficaria sozinho.

Acordar de madrugada e descobrir que lhe cobriram com um edredom. Acordar no domingo de madrugada e descobrir que é… domingo.

Estar em terra estrangeira e encontrar a comida que você ama, de sua terra natal.

Voltar para casa e ter seus pais esperando no portão. Voltar para casa e ter seus filhos esperando no portão.

Aquela promoção, a conclusão do curso, do TCC, a formatura da primeira série. O primeiro dia da viagem dos sonhos.

Descobrir que ter 30, 40, 50, 60 é como ter 20: o que é importante permanece igual ou muda para melhor. Desconto para os joelhos.

Perceber que as pessoas importantes em sua vida sempre dão um jeito de permanecer. Perceber que as coisas importantes no mundo sempre dão um jeito de permanecer. Permanecer. Apesar.

Tentar contar em quantos pontos sua pele se arrepiou ao ouvir aquela canção do Elton John que tocou no Natal. Descobrir que edificar memórias é como plantar um jardim.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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