As novas camisas da seleção brasileira de futebol foram lançadas ontem. Uns amaram, outros nem tanto. A polêmica se deu pelo uniforme azul, com mangas em padrão de onça. Eu gostei pacas. E explico o porquê.
Há uns anos, antes da copa de 2014, quando eu ainda torcia pela seleção, eu escrevi um textinho sobre o inexplicável amor dos brasileiros pelos bichos fracos e tímidos, o que isso representava arquetipicamente – e o que revelava sobre a alma de uma nação.
A África do Sul, em uma Olimpíada, creio, escolheu o leopardo, belíssimo e poderoso predador. O símbolo nacional dos EUA é a imponente águia americana. Os russos elegeram o urso pardo. E o Brasil?
O Brasil escolheu, como mascote e símbolo da Copa, o tatu-bola. Sim. O tatu-bola. Bicho medroso, cuja maior característica é fugir do confronto, evitar a luta, se esquivar do conflito se enrolando em forma esférica.
O tatu-bola poderia ser o personagem daquele poema de Fernando Pessoa, que diz que “quando a hora do soco surgiu/tenho me agachado para fora da possibilidade do soco”.
Tinha como dar certo? O tatu-bola?
Foi 7×1. E foi pouco, viu?
Essas escolhas do brasileiro por bichos escabreados, desenxabidos, acanhados, sempre me surpreendeu, já que a fauna dessas bandas é pródiga em animais poderosos e imponentes.
A harpia, a maior águia do mundo. O puma, belíssimo predador. E a onça-pintada, que forma, junto com o leão e o tigre, a tríade dos maiores e mais ferozes felinos do mundo.
Então, por isso, vi com bons olhos a escolha da onça-pintada como inspiração para a camisa.
Chega de bichos pusilânimes como o tatu ou fofinhos e inofensivos como canarinhos ou o vira-lata caramelo.
Habemus onça, pô!
Quem sabe a gente volte a jogar bola e consiga ganhar.
Mas o tatu-bola, gente. Tinha como dar certo?
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.