Hoje assisti a um curta-metragem de Jean Manzon, fotógrafo francês radicado no Brasil, intitulado “O Transporte dos Cariocas”.
Narrado pelo excelente Luiz Jatobá, o documentário mostra o dia a dia do transporte público no Rio de Janeiro dos anos 50.
Disponibilizo o filminho inteiro a seguir:
O que me chamou mais a atenção nem foi a verificação de que os problemas do transporte urbano carioca são antigos: o que realmente me chocou foi constatar, através da divertida e competente narração de Luiz Jatobá, o quão rico era o padrão cultural do brasileiro médio – e, consequentemente, o quão empobrecido esse padrão se tornou.
O vocabulário usado, por Jatobá no filme, era de perfeita compreensão e acessibilidade a qualquer um com nível cultural e educacional comum nos anos 50.
Ouvido ou lido hoje, em tempos de “rabas” e “berros”, causa estranheza – e posterior incompreensão, por total desconhecimento por parte de uma boa parte da população, das normas do que vem a ser uma fala culta.
O pequeno vídeo de Jean Manzon explicitou, de forma perfeitamente didática, que o trabalho rápido e eficiente de erosão e destruição do padrão cultural do brasileiro médio foi efetivado principalmente a partir dos anos 80 – mas engana-se quem pensa que acabou.
A tarefa de estupidificação do povo prossegue – a pleno vapor.
E me parece inevitável.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.