Cena: caixa do supermercado, onde uma jovem atendente estava sendo treinada. Personagens: eu, a tal jovem atendente sendo treinada e a supervisora – treinando-a, obviamente.
Vou passando as minhas compras, entre entediado e encantado com The Band cantando “The Weight” – sonzaço – nos fones de ouvido, quando a moça do caixa empaca na sacola com os tomates.
E ela me pergunta: – Moço, quais são esses tomates?
A pergunta me pega de calças curtas, como se dizia antigamente. Como assim, “quais são esses tomates”?
Tomate só tem um tipo, tomate é tomate, essa é boa!
A supervisora me olha com mal disfarçada piedade e me explica, naquele tom de voz que as mulheres usam com os homens no supermercado. – Não, moço, tem váááários tipos de tomate – e vai alinhando-os os de forma didática e sistemática.
Eu, que male mal distingo tomates de caquis – e assim mesmo as vezes me surpreendo colocando caquis na salada – olho as duas com ar capivaril, esperando um pouco de empatia para com minha evidente e lamentável ignorância.
A moça do caixa vira para mim e me instrui, em tom de suave reprimenda, como se estivesse falando com uma criança muito, muito pequena: – Da próxima vez, o senhor verifique qual o tipo de tomate está levando, viu?
Eu aceito a repreensão e baixo a cabeça, entre humilhado e divertido.
E ela arremata, para a supervisora: – E agora, como eu vou saber qual é?
A supervisora: – Então. Você tem que APALPAR os tomates para descobrir.
Eu fiz uma cara parecida com essa do House aí na foto. Juro.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.