29 de março de 2024
Erika Bento

Atire a primeira pedra, se puder

trump-negros-1Foto: Arquivo Google

O que a vitória de Donald Trump à corrida presidencial nos Estados Unidos mais deixou claro foi que o mundo está cheio de covarde; hipócrita e mentiroso. Trump é racista? Pois desafio a quem quer que seja a dizer, honestamente, que nunca o foi. Eu já. E muitas vezes.
Atravessei à rua para evitar um “afro-brasileiro”, principalmente se ele estivesse malvestido, com um capuz na cabeça e mãos nos bolsos do casaco de moletom. Você não? Quando ouço o som do idioma árabe, a primeira coisa que penso é em terrorismo. A mesma coisa quando ouço a palavra Islã. São todos os árabes terroristas? Não. São todos muçulmanos terroristas? Não. Tenho vários amigos árabes e muçulmanos. Mas, mesmo assim, a reação de suspeita é inevitável.
Quando vejo um petista logo penso em propina, suborno e malandragem. Quero todos na cadeia e passando fome mesmo, lambendo a própria urina do chão, se possível. Quem sabe até mortos, para não correr o risco de ressurgir em alguma campanha no futuro. São todos os petistas iguais?
…. Pausa….
…. Pausa de novo….
…. Só mais um pouquinho….
Bem, conheço um ou dois que não são.
E, junto comigo, milhões de brasileiros esbravejaram, intolerantes, contra pessoas cujas preferências políticas eram diferentes das nossas e que, na nossa visão, compactuavam com os crimes de Lula e seu bando. Uma intolerância que, para os antipetistas, era admissível e justa.
Trump desaprova o aborto, os gays, os muçulmanos, os mexicanos, entre outros. E, mais do que isso, afirmou que vai colocar um fim em tudo isso, erguer uma muralha de 8 bilhões de dólares (que diferente dos seus negócios não depende só da própria conta bancária). Intolerante? Racista? Louco? Nazista? Fascista? Ah, adjetivos não faltam, assim como não faltam pessoas esbravejando de volta.
A ousadia de Trump causa duas reações distintas: irritação e excitação. Ambas igualmente perigosas. Mais até do que as próprias ideias dele porque, convenhamos, ele não vai fazer a metade do que diz. É como cachorro vira-lata. Late muito, faz um barulho dos diabos, mas na hora H, se finge de morto.
O magnata e homem de negócios, Donald Trump, sempre pregou uma gestão não centralizadora, bem diferente dos ditadores políticos que o mundo já conheceu. E, mesmo que ele fosse um ditador, não vai governar sozinho e, mesmo tendo a maioria no Congresso, vai precisar de muito mais do que isso para acabar com o Obamacare ou a aprovação dos casamentos entre o mesmo sexo, por exemplo.
Trump é polêmico, mas não é burro. Um homem que construiu o império como o dele não vai correr o risco de ser lembrado como o pior presidente dos Estados Unidos ou até mesmo deposto. Parafraseando o jornalista Glenn Beck – que, apesar de ser Republicano, se opôs a Trump –, em sua coluna opinião no New York Times, “as pessoas que foram contra Mr. Trump o levaram muito literal mas não seriamente. Os seus apoiadores o levaram séria, mas não literalmente”. Traduzindo: Trump late, mas não morde.
Quer dizer que a campanha do Trump foi uma mentira? Não. Foi encenada por um narcisista polêmico cuja agenda, na verdade, não vai ser exilar os mexicanos, gays e mulheres. No fundo, ele vai falar com impulso, mas agir com moderação. Ele vai continuar fazendo barulho com suas ideias e declarações bombásticas (para não decepcionar o eleitorado), mas sabendo que não vai passar. Assim, ele dá ao Congresso a imagem do poder enquanto, na verdade, vai conseguir o que sempre quis: tirar os imigrantes ilegais do país e acabar com o abuso e depravação em todos os setores (religioso, social, econômico e sexual). Assim como Rudolph Giuliani, duas vezes Prefeito de Nova York, fez na segunda metade da década de 1990.
Giuliani, outro Republicano, colocou Nova York em dia com o programa Tolerância Zero, com muito barulho e ação. E quem não se lembra também dos protestos, principalmente dos negros, contra o abuso da polícia contra aqueles cidadãos? Não existe ação sem reação na mesma intensidade. Já estamos vendo isso nas ruas das grandes cidades dos Estados Unidos. Barulheira e vandalismo de um povo ainda mais intolerante do que o próprio Trump que, até agora, só fez falar enquanto eles queimaram bandeiras, agrediram policiais, quebraram lojas e carros.
Se Trump não é o presidente deles, este tipo de vandalismo também não representa a democracia e muito menos a liberdade, mas sim a libertinagem e o desrespeito. Quanto mais protesto tiver, mais evidente fica que criança mal-educada precisa mesmo é de castigo. Vai todo mundo pro canto, ajoelhado no milho e sem brincadeira depois do jantar!
Chega. Trump venceu e, a menos que ele seja morto antes de assumir, vai ser o Presidente dos Estados Unidos, uma nação de mais de 300 milhões de habitantes, cujo poder mundial é indiscutível. É aguardar e assistir, torcendo para que seja para o melhor. Ainda acho que ele vai surpreender muita gente.
Quisera eu ter um Trump no Brasil. Ou você ainda prefere o politicamente correto que extirpa a nação sob a falsa democracia? Ainda prefere os direitos humanos que defende bandido enquanto 50 mil brasileiros são assassinados todos os anos, no país? Vai dizer que não gostaria de ver a Rota ou o exército nas ruas? Duvido que tenha a coragem de dizer que não.

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