28 de março de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Quem com ferro fere…

Vamos incentivar os ‘especialistas’ da BBC,s eus replicantes nativos da grande imprensa, os despirocados (ironia sexista) das agências de checagem de fatos e os sensíveis usuários das redes sociais, dando força aos factoides ridículos que nos levam às gargalhadas.

Hoje, apresento uma análise ‘especializada’ sobre o dito popular “quem com ferro fere, com ferro será ferido”.

Essa sentença é um marco da opressão multiculturalista que obrigou os escravos brancos, pretos, amarelos e vermelhos a forjarem ferramentas de ferro para seu próprio cativeiro, ferimentos,dor e morte.

Se o barro para as telhas coloniais já produziam enorme opressão,sacrifícios, dor e morte, imaginem o ferro.

Tem que se dar fim à produção de ferro, uma tecnologia preconceituosa e desumana,em busca do bem comum.

Texto de Leandro Narloch

“Por ocasião do Dia da Consciência Negra, grandes jornais, portais de notícias e até agências de checagem publicaram reportagens com mitos e erros rasteiros sobre a origem histórica de palavras e expressões do português.

A BBC Brasil produziu o texto “Dez expressões do português de origem racista”, que foi publicado no domingo por G1, UOL e site da Folha.


A matéria reproduziu sem verificação, informações de uma cartilha criada pela Defensoria Pública da Bahia, segundo a qual a expressão “nas coxas” teria origem racista porque remete a telhas “feitas de argila, moldadas nas coxas de pessoas escravizadas”.


A imagem é cinematográfica, mas já foi desmentida diversas vezes. Em 2006, o arquiteto José La Pastina Filho, que foi superintendente do Iphan do Paraná, analisou milhares de telhas coloniais.


Concluiu que elas são em média bem maiores que coxas humanas. Escravos precisariam ter 3,85 metros de altura para conseguir moldar as peças no próprio corpo.


Outro motivo para desconfiar da história é que a secagem de telhas de argila leva diversos dias. A produção de apenas 20 telhas exigiria que dez escravos passassem até 15 dias com as pernas imóveis, esperando o par de telhas secar, para então levá-las ao forno.


Seria muito mais eficiente usar moldes de madeira – como, obviamente, olarias artesanais fazem há séculos.


A Agência Lupa (uma agência de checagem de informações!) embarcou nas mesmas fake news. Repetiu a tolice sobre a expressão “nas coxas” e atribuiu à história do Brasil a origem do termo “doméstica”, que se referiria a mulheres negras domesticadas na casa de brancas.


Errado: o termo vem do latim “domesticus”, que já designava trabalhadores da casa (do “domus”). Existe com o mesmo sentido em italiano e francês (“domestiques”).


Tanto a BBC Brasil quanto a Agência Lupa afirmaram que a origem da palavra “criado-mudo” está na escravidão. Remeteria ao escravo que seguraria objetos em “ambientes mais íntimos dos senhores e ali não podia abrir a boca”, segundo uma reportagem da CNN Brasil do ano passado.


Sério, como alguém consegue acreditar nisso? A palavra vem de uma tradução do inglês “dumbwaiter”, o pequeno elevador de mansões usado para transportar pratos e refeições, que chegou ao Brasil no século 19 por influência da decoração importada da Inglaterra.


Além disso, a primeira ocorrência do termo “criado” com o sentido de “funcionário doméstico” data do século 13, segundo o Dicionário Etimológico de Antônio Geraldo da Cunha.


Talvez a afirmação contrária seja mais razoável (ou menos ensandecida): racismo não é usar o termo “criado-mudo”, mas enxergar conotações raciais na palavra “criado”, que surgiu três séculos antes do início da escravidão africana pelo Atlântico.


Diversos leitores alertaram todas as publicações sobre esses equívocos. Até esta terça (23), somente a agência Lupa havia respondido às críticas.


Admitiu que “doméstica” não tem origem na escravidão e apontou argumentos similares aos acima sobre os termos “nas coxas” e “criado-mudo”, sem admitir integralmente o erro.


Se bastam cinco minutos de pesquisa para perceber que essas lendas não fazem o menor sentido, por que pessoas com diploma as aceitam sem o menor questionamento? Talvez por uma vontade irrefreável de acreditar no que favorece uma posição política –e de continuar acreditando depois da história ser desmentida.


É o mesmo padrão de comportamento de quem transmite fake news pelo WhatsApp.”

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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