19 de abril de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Parece simples. SQN!

Esse trecho de uma matéria revela de fato uma tendência esotérica da grande imprensa brasileira.

Suponhamos que o autor da ‘tese’ conheça profundamente as formas de retaliação do Czar Putin, que controla um dos governos mais fechados do mundo.

O articulista deve ter informações secretas para imaginar que a tendência do Czar é retaliar produtos agrícolas brasileiros, fato que afetaria momentaneamente a crescente demanda desses produtos no mercado internacional.

Esse tipo de atitude é de fundo político. Não afeta diretamente os negócios dos conglomerados que arrematam milhões de toneladas de produtos agrícolas onde quer que sejam produzidos, para abastecer as grandes indústrias de alimentos mundo afora.

A produção agrícola brasileira continua a bater recordes sobre recordes. De acordo com artigo do monitor Presente Rural, pela
estimativa de março, a safra nacional de grãos de 2021 deve ultrapassar a de 2020 em 10,7 milhões de toneladas (4,2%), somando 264,9 milhões de toneladas. Com destaque para a previsão da soja, que deve atingir mais um marco inédito, 131,8 milhões de toneladas.

Além disso, outras culturas vêm crescendo, como a do trigo e da uva.

Não apenas isso, especulação por especulação, a Bolsa de Mercadorias tem autonomia para negociar safras e vem obtendo excelentes resultados.

A excelência de centenas de empresas brasileiras do agronegócio indicam que, até o ano 2050, o agronegócio brasileiro deve crescer de três a quatro vezes mais que os concorrentes globais, consolidando a posição do país no abastecimento de produtos agrícolas em todo mundo, sem afetar o abastecimento interno.

A Rússia é grande. Tem indústrias de ponta em diversos setores e muitos motivos para comemorar as trocas com o Brasil.

Não apenas a importação russa de produtos agrícolas brasileiros seria afetada por uma retaliação política, como protesto do governo russo contra a decisão da Anvisa. A Rússia também perderia espaço para a venda de seu trigo para o Brasil.

O site +Soja informa que a Rússia comemora a exportação de pelo menos 70 mil toneladas de trigo da safra 2020/21 para o Brasil em
julho, estima a consultoria russa de pesquisa agrícola SovEcon.

Segundo a empresa, foram dois carregamentos de 35 mil toneladas cada da trading Sodrugestvo. O volume é expressivo na comparação com os embarques com destino ao Brasil durante toda a safra 2019/20, de 90 mil toneladas, destaca o analista de mercado de trigo da região do Mar Negro e diretor da SovEcon, Andrey Sizov.

E mais, o objetivo da Rússia é crescer sua presença no mercado brasileiro de trigo: “As exportações dos EUA para o Brasil podem sofrer”, avalia Sizov.
A Rússia passou a vender o cereal para países da América do Sul na temporada 2019/20, após revisão de procedimentos fitossanitários. O trigo russo vem ganhando espaço no mercado brasileiro após o governo federal ter liberado cota anual de importação de 750 mil toneladas por ano para aquisição de trigo de países de fora do Mercosul com isenção de tarifa de 10%.

A medida foi adotada em novembro do ano passado. Moinhos brasileiros, especialmente do Nordeste, costumam adquirir cereal do Hemisfério Norte para mescla na moagem com trigo nacional e argentino. O Brasil importa cerca de 50% a 60% do volume necessário para moagem – entre 6 milhões e 7 milhões de toneladas por ano.”

Medidas equivocadas estancam negócios nas duas vias.

Negócios à parte, reducionismo analítico sobre trocas mercadológicas internacionais é um besteirol midiático para animar confrontos políticos.
Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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