23 de abril de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Minha vida, minha arte

Os que me seguem com certa assiduidade estranham que eu não divulgue aqui fotos das minhas pinturas ou faça postagens sobre minha ‘vida’ com a arte.

Existem vários motivos para que eu não faça uma coisa e outra. Como são vários motivos, não me atrevo justificar um e os demais.

A pintura que ilustra esse post é a ‘Nº1’ de uma nova fase, que teve inicio em 2018 e se desdobrou em mais duas obras finalizadas e três em fase de produção, que até o momento continuam me esperando.

Infelizmente, uma lesão no ombro,que evoluiu de grave para gravíssima, com a restrição de movimentos do braço e dor, me obrigou a reduzir drasticamente o ritmo de trabalho, comprometendo a progressão das experiências em curso.

Mais de ano transcorrido nessa situação, vencidos os protocolos que limitavam as cirurgias eletivas, finalmente, em 1º de dezembro do ‘ano pandêmico’, entrei na sala de cirurgia. A operação foi um êxito.

Desde então, dor ZERO. Gradativamente vou recuperando os movimentos.

Entusiasmado como um menino, vislumbrei a perspectiva de logo retornar ao meu ‘playground’ existencial. ‘Ótimo! Mas pega leve’, alerta meu médico.

Minha vida com a arte é pontuada por temperaturas extremas, recheada de ideias, desafios e sensações indescritíveis.

A pintura é visual mas, seu tempo, fatura e intensidade transitam em outras dimensões. Experiências pessoais não se registram em tipos, parecem invisíveis mas, não são.

Toda experiência significativa habita fora do tempo cronológico e é sempre ‘coisa’ inacabada, aguardando outras intervenções.

É isso que acontece com uma pintura que se finda em si mesma.

Ela ganha vida autônoma, escapa do pintor e segue pela vida, para ser revisitada, com outro olhar, outras reflexões, outros sentimentos.

Essa nota sobe de tom para se tornar mais gratificante para mim quando, na tarde de hoje, acompanhando o trabalho de embalagem, para enviá-la para uma pessoa que prezo e admiro e levada para conviver com ela no exterior, fui apanhado por divagações sobre episódios que, agora, só existem como sentimentos que se sucederam no correr desses três anos.

Também sou sentimental!

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