24 de abril de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

“É muito melhor cair das nuvens que de um terceiro andar”


Machado de Assis.

Hoje, surfando no feed do Facebook, dei de cara com essa sábia ‘sentença filosófica’, a primeira que despertou meus neurônios juvenis ao ler Memórias Póstumas de Brás Cubas.



Desde então, esta sentença se infiltrou na minha mente e , vez por outra, quando sonhava alto demais,ela se esgueirava pelos becos da minha consciência e eu ria de mim mesmo.

Obrigado, Fred Coutinho, por comnpartilhá-la hoje.🙂

Creio que basta uma ‘chave’  para despertar um monte de sensações que me levam a transitar nas quatro estações da minha existência, agora, de corpo presente.

Na transição da minha juventude para a vida adulta, fui levado pelo calor das disputas e batalhas.

Nesse período transacional, a alta temperatura dos embates externos se mescla e confunde com a  ebulição hormonal e,  a testosterona superaquecida, impulsiona  a mente e o corpo a explorar os desejos mais ousados – até em sonhos – em busca do êxtase.

É uma transição muito arriscada. Muitos tombam pelo caminho. Mas eu sobrevivi para adentrar a primavera  de esperanças e transformação que abre as portas para um verão  escaldante, e como!

Imerso no suor de paixões tórridas e alegrias extenuantes, é nesse tempo que, destemidos, nos aventuramos a confrontar a intensidade da luz solar que desenha  linhas perfeitas que demarcam com nitidez absurda a fronteira entre a sombra e a luz. Tudo pode acontecer e, acontece.

Tudo, menos o interesse em abrir o deposito de ‘achados e perdidos’  para impor limites e o bom senso, contabilizando perdas e ganhos e estocando víveres para enfrentar o futuro imprevisível.

Que bom senso que nada. Primavera e verão não são estações propicias à contabilidade existencial.

Deixa isso pra depois. Siga em frente! 

Hoje, olhando  a distância, me pergunto; como sobrevivi a tantos embates difíceis e arriscados?

Só sei que caí de muitas nuvens mas não me esborrachei no chão, caindo de um  terceiro andar.

Como? Não sei ainda!

Isso é uma dádiva da existência destinada a quem vive muito e deseja viver mais.

Só na maturidade, rumo à velhice, que tomei muito gosto pelo  outono e o inverno.

Hoje, as aprecio como as estações propícias ao balanço eexistencial,descontaminado dos arroubos das paixões,seja por gente,coisas ou causas.

Outono e inverno são estações propicias à serenidade, à dedicação esmerada nas coisas da vida que realmente importam, enchendo de sentido as lacunas deixadas por experiências ousadas, desejos incontidos e impulsos desprovidos de razão que desabrocham e florescem na primavera e verão das nossas vidas.

O Boletim

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *