29 de março de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

A WHA (Assembleia Mundial da Saúde)


É impressionante que milhares de pessoas não percebam as manipulações cretinas das estatísticas e noticias tendenciosas e se infectem com propaganda insidiosa.
O que mais me intriga são pessoas, que se acham informadas, não atentarem para dados tão contraditórios apresentados na mídia. Uma das ‘surpresinhas’ da manipulação em curso é a reversão do autoritário regime chinês em ‘paladino da transparência’ e o súbito desaparecimento da China dos indicadores mais trágicos da catástrofe global.
A espessa cortina de fumaça da ‘guerra da comunicação’, focada na estúpida politização de protocolos para conter o Covid-19, ofuscou a noticia da realização da “Assembleia Mundial da Saúde” (WHA) – maior evento da agenda global de saúde, taticamente relegado a segundo plano no painel de noticias.
O sensacionalismo do debate político em torno dos protocolos ofuscou uma noticia de graves consequenciais para o mundo. A única coisa que fica claro nesses tempos obscuros é a preocupante tendência dos grandes veículos de comunicação social do ocidente em politizar ao extremo os efeitos da pandemia.
No Brasil não li sequer uma nota em destaque sobre esse evento!
O que aconteceu ali? Quais repercussões essa assembleia – em plena pandemia- trará para o mundo?
Encoberta pelo vergonhoso papel da imprensa do ocidente, a “Assembleia Mundial da Saúde” (WHA) – maior evento da agenda global de saúde, se encerrou com um epitáfio político aos EUA e a ascensão do líder chinês Xi Jinping ao papel de salvador do mundo. ‘novo LÍDER global em defesa da vida.’
Michael Bociurkiw, publicou na coluna Opinião da CNN um artigo tendencioso sobre a Assembleia Mundial de Saúde com o titulo: “China é o novo líder no cenário mundial da saúde?”
No artigo de Bociurkiw não há uma só referencia a debates técnicos científicos e decisões sobre os protocolos e experiências especificamente voltadas para a saúde.
O artigo é direcionado a ataques diretos à administração norte-americana em resposta ao Covid-19 e posiciona Xi Jinping como um avatar global que destruiu Trump e humilhou os EUA.
O caráter estritamente político do artigo vaza uma partidarização inconcebível em detrimento dos princípios democráticos que balizam os EUA. Na colagem de trechos do artigo do Bociurkiw, dispensarei os ataques que ele dirige ao Trump.
No cardápio da CNN,eles não diferem muito. ‘Trump é péssimo. Ponto’.
O que me parece relevante na posição do autor é a naturalidade que o artigo trata da estratégia chinesa de propaganda em relação a Covid-19 e deixa transparecer a satisfação do autor com a vitoriosa atuação do líder chinês na Assembleia Mundial de Saúde.
Em um trecho, Bociurkiw esboça algum sentido de alerta em relação ao líder chinês : “Xi – amplamente criticado pelo fracasso de seu governo em dar o alarme sobre a situação em Wuhan, onde o novo surto de coronavírus começou – foi capaz de manipular a 73ª WHA.”
Na sequência da tímida critica ao regime chinês Bociurkiw se posiciona como admirador estratégico do líder chinês : “em uma reforma de relações públicas muito necessária para a China(…)
Quando ele se dirigiu aos 194 estados membros por vídeo, Xi prometeu US$ 2 bilhões em dois anos para combater o vírus, um “depósito e centro de resposta humanitária” na China e assistência ao continente africano para reforçar a preparação para a doença.
Essa promessa é importante em meio a temores de que a África, com suas cidades congestionadas e sistemas de saúde enfraquecidos, corresse um grande risco de altas taxas de transmissão(…). A generosidade da China também se sincroniza bem com seus audaciosos esforços para conquistar países africanos com bilhões em empréstimos por meio da controversa Iniciativa Belt and Road.”
Mas, logo adiante, Bociurkiw deixa claro que o sucesso do líder chinês é uma ‘bem-vinda’ ameaça à reeleição do Trump:
“Meu medo é que, mesmo com uma nova administração, o processo para restaurar a reputação e a influência da América no cenário internacional possa ser lento: as percepções evoluem, as alianças mudam e os políticos e profissionais seguem em frente.
É um sentimento compartilhado pelo embaixador Alexander Vershbow, que serviu como enviado dos EUA à Coreia do Sul, Rússia e OTAN e é o ex-vice-secretário Geral da OTAN.
Ele me disse: “Mesmo que os democratas retoquem a Casa Branca, levará muito tempo para reconstruir os hábitos da liderança americana e para reconstruir a confiança dos aliados tradicionais perdidos pelo coronavírus e a retirada da OMS.”
No requisito saúde global, o Covid-19 nada mais é que uma plataforma para combates políticos.
O pragmatismo político objetiva chegar ao poder.
Para isso insufla o mi mi mi e toca o rebanho para currais humanitárias de ocasião, criando o clima perfeito para propaganda obter sucesso.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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