29 de março de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

A imprensa está em ritmo alucinado

“Homens fortes correm para refazer a ordem mundial enquanto Trump enfrenta uma potencial derrota nas eleições” (CNN)
Nessa matéria da CNN os dois “homens fortes’ são Putin e Ji Jinping. O fraco é Trump.

Foto: Google – Mediun

Para mim, o culto a ‘homens fortes’ é uma temeridade que sempre acaba em dor e sofrimento dos povos a eles subjugados pela ‘força’.

A CNN está cavando uma sepultura para as democracias liberais? Só pode!
Em que país e sob que regimes os ditos ‘homens fortes’ podem se sentir tão poderosos a ponto de descaradamente se apresentarem como os rebocadores de uma ‘nova ordem mundial’?
China? Rússia?
Vejamos a Rússia do Putin:
Quem, além dele, se destaca na cultura, no empreendimento produtivo e na vida social da Rússia contemporânea? Tente lembrar!
Recorra ao oráculo virtual e constate que não há, nos dias de hoje, nenhum russo na vida pública, nas artes, na cultura e nos negócios capaz de lhe fazer frente.
Nem na era czarista um homem ‘forte’ concentra tanto poder a ponto de sobrepor e subjugar toda população quanto Putin.
28 Czares governaram a Rússia imperial, seguidos por quatro presidentes desde a consolidação da Federação Russa em 1991.
Vladimir Putin supera todos!
Se você pesquisar com atenção verá que no reinado de Nicolau II, o último Czar, incontáveis escritores, artistas, políticos e intelectuais se destacavam na sociedade russa e brilhavam no exterior. Personalidades extraordinárias como Tolstoi, Dostoiévski, Tchekhov, para citar apenas três nomes de grande projeção internacional, viveram e se destacaram interna e externamente. nesse período.
Os três tinham posições claras em relação ao regime czarista. Apesar disso, não foram eliminados.
Imaginem hoje um sujeito ousar peitar o Putin!
Quem ousaria enviar uma carta para Putin nos termos da carta enviada por Tolstói para o Czar: “Um terço do país se encontra submetido a um regime de vigilância especial, isto é fora da lei. As forças policiais, sejam visíveis ou secretas, aumentam dia a dia..”

O sujeito que ousasse isso não passaria da terceira linha. Seria fatalmente intoxicado com plutônio no café da manhã!
Tolstói não apenas passou da terceira linha, como enviou a carta ao destinatário, a publicou na íntegra e não foi apagado por isso.
Se você chegou até aqui sem lembrar apenas um nome ilustre na Rússia dos dias atuais é porque ele ainda não nasceu e, se nasceu, foi apagado pelo regime.
Xi Jinping, por sua vez, concentra enorme poder no Politburo e usa as novas tecnologias da informação como instrumento de controle social. Ok!
China não é o único regime autoritário do mundo. Porém, é o mais rico.
Está usando dinheiro a rodo para seduzir descaradamente a opinião pública do ocidente com matéria paga nos veículos de comunicação dessa banda do mundo.
O regime investe os tubos para deter o domínio do reconhecimento facial a fim de identificar rapidamente os insurgentes.
Ainda está fresco na memória das pessoas as ocorrências sigilosas do regime chinês que deram fim, fizeram desaparecer e se negam a dar informações confiáveis sobre o paradeiro de médicos, jornalistas e cidadãos chineses que relataram o despertar e as trágicas consequências do Covid-19.
Preocupa-me, creio que deve preocupar muita gente também, que uma empresa de comunicação como a CNN descontextualize as condições sócio políticas dos países dominados por “homens fortes” que estão empreendendo uma “nova ordem mundial” e os compare a um líder político “fraco” que governa uma sociedade aberta e democrática.
Certamente você, como eu, não sabe o nome de um só ilustre russo ou chinês que tenha sobrevivido aos ditames dos dois “homens fortes” da CNN.
Contudo, basta abrir um gibi e terá de imediato um porrilhão de nomes ilustres em oposição aberta e pública contra um fracote presidente dos EUA que visam derrotar em novembro.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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