25 de abril de 2024
Adriano de Aquino

Na ficção, a aspiração divina de gerar um ‘novo homem’, tem aspectos críticos que apontam para a tragédia e a destruição e servem de estimulo para se pensar sobre o potencial mortífero de uma ‘boa ideia’.
Mas, a teoria política, fundada na ideia do ‘novo homem’, quando colocada em prática, se apresenta como engrenagem de uma máquina terrível que produz mortes em profusão, destrói o tecido social e deixa sequelas terríveis, difíceis de serem superadas por várias gerações. Já se acreditou na saga marxista da ditadura do  ‘Newman’, oriunda do proletariado, sujeito solidário, igualitário, tolerante e comunal, que brotou na Rússia nas primeiras duas décadas do Século XX.

Em 25 de fevereiro de 1956, Nikita Kruschev, três anos à frente do Partido Comunista da União Soviética como Primeiro Secretario, subiu na tribuna e fez um discurso demolidor, que viria a mudar a história da URSS.
Em 2019, se comemorou 60 anos do discurso do Kruschev no lotado Politburo da URSS.
Ao fim da sua histórica narrativa, milhões de russos adultos choraram como nenéns de colo. E, Kruschev, apenas abriu uma das pastas do volumoso arquivo de atrocidades cometidas por Stálin, “guia genial de todos os povos” e bispo supremo do sanguinário culto que se espraiou pela União Soviética.
Dentre milhares de fatos hediondos, Kruschev se concentrou com mais ênfase em seis pontos: “Expurgos” ocorridos entre 1937 e 1938. Nesse ponto ele registrou que 1.500.000 pessoas foram presas, mandadas para campos de concentração onde milhões sucumbiram e, os poucos que tiveram alguma sorte, conseguiram se exilar. “Execuções”: 690.000 pessoas foram executadas (entre os condenados à morte estavam todos os companheiros de Stálin que lutaram na revolução de 1917 e alguns “fundadores do comunismo soviético”.
Kruschev afirmou ainda que todos os executados eram inocentes. ”Paranoia e Tirania Oficial” tirante ele próprio, para Stálin, todos que o cercavam eram inimigos da URSS. “Desastrosa Estratégia Militar”, Kruschev, discorreu sobre os imensos erros de Stálin na condução da Segunda Guerra. Os expurgos no Exército, eliminaram 85% da cúpula militar deixando as fronteiras da URSS desguarnecidas.
E, pior, esse erro grasso, que aumentou o número de russos mortos, aconteceu porque Stálin confiava no seu acordo com Hitler, mesmo diante dos persistentes avisos de que a Alemanha atacaria. Esses “erros” de Stálin provocaram a imensa perda de vidas que poderia ter sido evitada, só nas primeiras duas semanas da invasão alemã de 21 de julho de 1941 a Wehrmacht fez seis milhões de prisioneiros, dos quais dois milhões pereceram em pouco tempo por maus tratos e execuções.  “Calamidade agrícola e fome” a desastrosa política agrícola de Stalin, se abateu sobre o povo, dizimando 10 milhões de camponeses forçados à coletivização das fazendas. A produção de trigo caiu vertiginosamente   matando de fome outros tantos milhões.
Como Kruschev era engenheiro agrônomo, suas críticas ao modelo agrícola de Stálin, deixam transparecer que se tratou de uma ação punitiva intencional, uma espécie de guerra civil do Stálin contra os camponeses que se opuseram à loucura coletiva imposta pelo regime tirânico.
“Política Externa” stalinista foi um desastre completo. Pretensamente internacionalista, de fato, se revelou isolacionista e impositiva, trazendo enorme desgaste para a URSS, mais miséria para o povo e enormes dificuldades para o pais no âmbito do comercio internacional, na diplomacia e convívio com outras nações.

Anos depois, Gorbachev, oitavo e último líder da União Soviética, assim como Kruschev, foi Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética de 1985 a 1991. Como chefe de Estado, de 1988 a 1991, Gorbachev revelou ao mundo sua inclinação à social democracia. Foi ele que em 1986, deu a virada política na Rússia com a Glasnost, um dos pontos principais do seu governo tumultuado por conflitos nacionalistas e insatisfação social. Sua proposta consistia na abertura política, que tinha por objetivo trazer ao país a transparência e a liberdade de expressão.
Anos depois, surge Putin, um modelo laboratorial da extinta KGB.O líder, há 20 anos no poder, foi moldado na tradição czarista, com pitadas de stalinismo.
Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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