24 de abril de 2024
Walter Navarro

Os suspeitos e culpados de sempre


Quem são os culpados pelo incêndio criminoso (não com isqueiro ou cigarro, mas muito pior, por negligência) que destruiu o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, impunemente? Os suspeitos de sempre: Temer, D. Marisa Letícia, Judas, Hitler e o mordomo, claro. Na verdade, todos somos culpados pelos descalabros, escândalos, descasos e crimes que assolam o Brasil; menos o único grande estadista que tivemos.
Falamos do ridicularizado – injustamente – D. João VI o único rei europeu que enganou Napoleão Bonaparte, manteve o Brasil como colônia, mas deixou seu filho e, melhor, seu neto, D. Pedro II, outro grande estadista, patriota que, por isso, foi escorraçado e morreu exilado.
Dom João VI, também, foi quem construiu o Museu Nacional, entre outras maravilhas como o Jardim Botânico e o Banco do Brasil, outra vítima de bandidos ultimamente. O Brasil, ao contrário de grandes nações é um desperdício, ordem e progresso aqui, só na bandeira desbotada.
Será que na França ou nos EUA uma tragédia deste porte acometeria o Louvre ou o MoMA? Sim, mas não nestas proporções e não por abandono imbecil. Tragédias são tragédias porque podem acontecer e acontecem; porém, no Brasil, são anunciadas. Principalmente os desastres com o patrimônio histórico e com o Meio Ambiente, no caso a Amazônia, diariamente.
Há muito, espaços culturais gritam por socorro. “Dinheiro de cachaça” evitaria várias tragédias como a do dia 2. Mas para onde vão as verbas eleitoreiras, os investimentos do BNDES, os patrocínios da ex Petrobras e principalmente que abominações “culturais” são agraciadas pelas leis de incentivo à cultura (sic)? Fácil, para obras inúteis, ineficientes e superfaturadas; estádios, arenas, e museus virtuais da moda, para turistas incautos à beira mar, ou prédios históricos com acervos digitais.
E chegando a galope, os galantes dragões da independência, dia 7 de setembro, dia da nossa independência. Mas, independência do quê cara pálida? De quê e de quem? Somos um país muito novo e muito velho, tudo precocemente. Ainda precisamos de babá, berço esplêndido e mamadeira. Precisamos ao mesmo tempo de bengala, muletas, cadeira de rodas.
Um país grande e bobo, nem rebelde, nem com causa para ser rebelde. Um país ingrato e injusto com seus filhos mais frágeis. Um país largado, desleixado, maior abandonado. Cruel, doente terminal, inseguro. Vilipendiado por outros tantos filhos que ganham aqui, mas gastam e guardam fortunas lá fora.
Que independência pode ter um país com filhos e netos tão dependentes, escravos de ignorância, desemprego e insegurança? Que país é esse? É o Brasil, há 518 anos. Um Brasil eternamente adolescente e “nem-nem” que nem estuda, nem trabalha. Bonito por natureza, mas nada abençoado. Um gigante fingindo dormir, que constrói propinas no presente, destruindo o passado e o futuro.
Crimes sem fim. Ainda sobre o Brasil que destrói coisas belas, atenção aos manifestantes politiqueiros que nunca dantes tinham sequer passado em frente ao Museu nacional ou qualquer outro e agora protestam, porque é o ganha pão deles. São os mesmos que aboletam-se em frente à PF de Curitiba, sujando e gritando palavra de desordem.

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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