19 de abril de 2024
Walter Navarro

Como é triste ser feliz só na Netflix

Imagino o monte de imbecis rindo de mim, com este título. Mas, idiotas restam estúpidos. Mais que pena, me inspiram indiferença.
Mesmo assim, quero registrar.
Das 1069 vezes que senti vergonha do Brasil, até então, brilhavam no pódio, as eleições e reeleições de Lula & Dilma. Simplesmente o fim da picada.
Mas, assim como a tristeza e o desalento, a picada não tem fim.
Prova disso, foi ontem, dia 7 e hoje, dia 8 de novembro de 2019.
Soltaram o demônio, o Asmodeu, o Asno Deus. Belzebu. O cara mais nefasto já produzido e cagado por estes tristes trópicos.
Um elemento da mais baixa categoria: ladrão, demagogo, assassino, hipócrita, vagabundo; um bípede parido em bidê de bordel. Paro os elogios aqui, por falta de espaço.
Tadinho do Stefan Zweig, austríaco e judeu que, fugindo do Nazismo, procurou refúgio nesta Bosta e escreveu “Brasil, País do Futuro”, em 1941. Futuro que nunca chegou, nem vai chegar. Não à toa, este otimista, mal informado como todos, suicidou-se com a mulher, Lotte, em Petrópolis, 1942.
Mas voltemos a ontem e hoje, no mesmo Brasil de sempre.
Entendo. É compreensível ver o presidiário mor e seus asseclas comemorando a liberdade ainda que cedo.
Ele e eles estão na deles, de boa e na boa. Lindo! Diarreia Livre!
No lugar deles, eu também comemoraria.
Afinal, conseguiram o absurdo num lugar anormal, o que nunca teria acontecido num país sério, honesto, verdadeiro e normal.
A comemoração é legítima. O Gênio do Crime merece. Enganou, deturpou, mudou todas as leis , a começar pela sensatez.
Depois dizem que o surrealismo é europeu e o realismo fantástico é colombiano.
Tatu do Bem!
O que me interessa aqui é o Silêncio dos Inocentes e o Grito das Bestas.
O dever da Lei é prender. O direito de escapar é dos presos.
“Alcatraz”, “Papillon” e 1069 outros filmes já nos emocionaram com o tema.
Todo preso tem o dever de fugir, escapar. É legítimo. Mas não de ser solto, com flatulência mental.
O que me deixou mais puto, triste, desalentado, decepcionado, frustrado e principalmente descrente, foi a reação de milhões de brasileiros, festejando.
Ainda bem que já vi muita gente com marca de sorvete na testa e rir de prazer com uma martelada no dedão ou no olho.
Repito. Compreendo, aceito e até louvo a postura dos bandidos. Mas não dos energúmenos que comemoram.
Repito outra coisa. Tenho para mim que, petista, é acéfalo ou cúmplice. Pronto e ponto.
Dito e redito isso, é horrível provar da filosofia que reza “A Vontade de Servir”. Escravos que gostam de chibata, correntes e pelourinho.
Ainda bem que não estou só.
Mas quem decide, quem manda no Brasil, é o crime super organizado; o crime de toga oficial, capa, terno, gravata e capital.
São milionários, poderosos, magistrados, excelência e excrescências; egoístas, caras que não conseguem enfiar o pau mole no próprio umbigo e ainda assim gozam. Com e na nossa cara.
Pior que eles?
Estes passarinhos que passarão.
Entendo também este povo filho de “três raças tristes de tigres”. Elegem um e seus opostos, com a mesma ignorância.
Mas, gente que supostamente toma banho e come todo dia, defendendo esta podridão; isso me choca.
Gente boazinha, preocupada com o social. O social do bolso deles.
Que vergonha de ver gente, pretensos humanos, e até amigos, comemorando a desgraça. Cagando onde comem.
“Tenho inveja da Burrice porque ela é como a Pedra da Gávea: eterna”.
E se não é a Burrice, mãe de todos os males que escaparam da Boceta de Pandora, são os comparsas, companheiros.
Muito bizarra esta Síndrome de Estocolmo sem Suécia.
Muito horrível beijar a boca que te cospe.
Muito nojento viver num país, sem futuro, presente e passado a limpo.
Realmente, as hienas riem. Como os bobos e ricos, à toa.

PS: Pelo menos na Netflix, os bandidos, os criminosos mais hediondos, são de mentirinha.

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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