18 de abril de 2024
Walter Navarro

Brumadinho, mon Amour


Sem gozação ou ironia, friamente pensando, cada país tem a tragédia que merece, dependendo de sua grandeza ou decadência.
Entre milhares de outros desastres, naturais ou criminosos, em mil países, Pompeia teve o Vesúvio. O Japão teve Hiroshima e Fukushima.
Os Estados Unidos tiveram Three Mile Island e o 11 de Setembro. A infeliz Ucrânia, sob a URSS, teve Chernobyl. O Brasil teve, guardadas as proporções, Césio 137 ou 147, em Goiânia; muito PT e mais recentemente, Brumadinho.
Pela Lei da Proximidade, estivesse eu, hoje, dia 23 de outubro, em BH, iria, às 19h, ao Teatro da Assembleia Legislativa. Ou dia 26, à Livraria da Rua, para o lançamento do livro dos jornalistas Lucas Ragazzi e Murilo Rocha, “Brumadinho: A Engenharia de um Crime”.
O cerne da “reportagem investigativa” é que a Vale conhecia o risco do rompimento da mina Córrego do Feijão que deixou 270 mortos, no mínimo, e uma poluição de fazer inveja a Cubatão e outras palavras de duplo sentido.
Quem sou eu para julgar? Eu, que parei no 18 Brumário da França…
Mas o assunto me interessa deveras.
Só sei que é coisa para não se repetir. Para se evitar e, no melhor estilo Crime e Castigo, punir. Responsabilizar, exigir pedido de desculpa, compensações.
Pode-se e deve-se chorar as mortes horrorosas, mas não a lama derramada. Não adianta.
Contra as Vinganças da Natureza, em forma de vulcões, terremotos, furacões, tsunamis, etc., aconselho rezar ou correr o mais rápido possível, rumo à montanha mais próxima.
No capitulo acidente de usina nuclear, sugiro o sol, o vento e outras drogas pesadas como o amor.
Quanto à bomba atômica com terrorismo, se você não for vietnamita, acho melhor não provocar o país de Bush e Trump.
Mas, aqui no Brasil, onde a miséria, desigualdade e ganância são as mães de todas as merdas, a “Boceta de Pandora”, o buraco é mais embaixo.
Mariana e Brumadinho, infelizmente, aconteceram. E agora?
Reza meu farol, Nelson Rodrigues, que dinheiro compra até amor sincero. Então…. Em vez de Vale de Lágrimas, Vale de Dinheiro: Vale Brumadinho. De mil formas.
Eu tenho duas mil ideias, para os bilhões da Vale.
Pompéia, antes que o Vesúvio destrua tudo de novo, levando Nápoles junto, é “O” ponto turístico.
Os antigos campos de concentração nazistas, da 2ª Guerra Mundial, também.
Mesma coisa acontece na Normandia, França, com aquele cemitério com milhares de cruzes brancas, em homenagem aos soldados mortos no desembarque aliado no Dia D. Está até no filme “O Resgate do Soldado Ryan”.
Chernobyl só não virou cartão postal porque ainda é poço de câncer radioativo.
Hiroshima e NY tem seus memoriais pela bomba e pelas Torres Gêmeas.
Belo Horizonte tem o Mineirão, lembrança dos 7X1 para a Alemanha.
E Brumadinho?
Li que vai ser ou já foi inaugurado um trem ligando a Praça da Estação, em BH, à Brumadinho.
OK, tudo bem. Mas aí, o turista pega o trem, para ver o quê em Brumadinho? Inhotim?
Dou de graça, aqui, algumas dicas.
Que tal um memorial também? Com 270 esculturas ou objetos representando os mortos na tragédia. Esculturas feitas com a lama dos rejeitos e o mineral que Vale extrai de lá…
Em volta das 270 esculturas, símbolos, ícones, etc; vários bares e restaurantes, lojas.
Brumadinho precisa de dinheiro, precisa de vida, precisa ser lembrada.
E tem mais.
Por que não usar a lama do acidente, da tragédia, do crime; como matéria prima para tijolos ou outra coisa do gênero?
Voltemos à Pompeia e à Roma Antiga.
Sabiam que o Coliseu de Roma e outros monumentos foram construídos com pedras vulcânicas do Vesúvio que destruiu Pompéia e Herculano?
Daí, a durabilidade destes sítios arqueológicos, estes monumentos históricos, cartões postais e de visita, não só de Roma, como da Itália.
E por aí vai. Com as pedras que me jogam construirei meu castelo, minha ponte, minha poesia de Drummond.
Te cuida, Itabira!
PS: Não basta falar, temos que fazer mesmo, “aquela” limonada de verão americano, com os limões da Máfia Siciliana com os quais o Brasil nos presenteia o ano inteiro.
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Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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