28 de março de 2024
Colunistas Walter Navarro

A elegia e o elogio da Canalhice


Ontem, segunda feira, às 22h, sem dentista marcado ou coisa melhor para fazer, resolvi acompanhar mais uma entrevista com o Reserva Moral da Nação, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o homem que prendeu o facínora. Foi no Roda Viva, então já viram né?
Tadinho de mim! Tadinho não, bobo. Deveria ter visto um filme pornô.
Provavelmente foi a 69ª entrevista que segui, na esperança de ouvir pelo menos alguma pergunta nova e mediana. Um mínimo sinal de vida inteligente. Pissirongas nenhuma!
Com exceção do Felipe “Jovem Pan” Moura Brasil, que ainda faz raro jornalismo no Brasil e levantou perguntas novas, atuais; seus colegas de Inquisição eram de dar pena, raiva, risada, constrangimento, nojo, decepção, dor na clavícula e vergonha da profissão.
Sempre o mais do mesmo, vindo dos mesmos: Folha e Estado de São Paulo, O Globo; revista Piauí et caterva. As mesmas perguntas de sempre, as mesmas respostas perfeitas, num show de paciência, capazes de matar Jó e o Tapa Francisco de inveja.
Como tem, além de saco, classe, este Sérgio Moro! Um Buda!
Como consegue não sair chicoteando esta turma, como Jesus fez com os vendilhões no Templo de Jerusalém. Só pode ser por falta de chibata!
São as pegadinhas mais imbecis e arrogantes disfarçadas de perguntas sérias, polêmicas, desafiadoras e corajosas.
Um “Freak Show”.
Ah! Se eu fosse o Moro…
Mais uma pergunta sobre o áudio gravado e divulgado de Dilma mandando Lula esperar o “Bessias” – com o já clássico e premonitório final, “Tchau Querida” – eu responderia: “Ué, vocês chamaram o ‘Bessias’, Deus mandou o Messias, Jair Messias…”.
E toma Intercept sem fim e Marielle imortal.
Por falar em Intercept, hoje, Glenn Verdevaldo foi denunciado como merecia. Denunciado por interceptação, kkkkkkkkk.
E a Globonews e toda a corja jornalística do Brasil, na hora, latindo em nome da Liberdade de Imprensa.
Engraçado… Bizarro… Eu mesmo já fui denunciado, anonimamente, claro; demitido e processado várias vezes por ter cometido minha opinião ou ironia. Nunca a classe me defendeu… Pelo contrário.
Ai de mim se não fosse eu e meus amigos advogados!
Hilário também foi ouvir nenhum jornalista condenar a censura do STF, clara e transparente, à revista Crusoé.
Não querendo, ou não sabendo fazer as perguntas certas e interessantes, os órfãos de Torquemada repetiram a ladainha, o mantra e o moto contínuos. Fica mole pro Moro subir e responder o que ele já explicou 1169 vezes. Até riu, certamente pensando: “De novo?”.
O tempo todo, os abutres querendo jogar Moro contra Bolsonaro e vice versa. A insistência sobre se o ministro é candidato à presidente, em 2022, me deu vontade de chupar meia de maratonista com micose.
Renovando as pegadinhas, forçavam Moro, em vão, a opinar sobre assuntos que, no mínimo, não são de sua alçada ou, simplesmente, por questão de hierarquia e lealdade, ele não pode, nem deve enfiar sua colher.
Cada vez mais envergonho-me de ser jornalista neste BBB: Big Bosta Bananão. Acho que vou voltar à Publicidade, pelo menos lá a mentira é natural e oficial.
Roda Viva… Como este programa caiu! Pelo menos uns 69 andares no meu conceito. A maioria dos entrevistadores sobe em tijolo e faz discurso. Grande Imprensa! Grande Merda!
E ainda tem o decadente cartunista Paulo Caruso, coitado, desenhando e caricaturando sem um pingo de graça. Mil perdões, Paulo, mas você está patético, mas coerente com a falta de criatividade dos colegas. Todos Arautos da Moralidade, Donos da Verdade. Na verdade, ali, nunca tantos precisaram tanto de tanta enxada.
Moro deveria gravar as respostas e, no próximo convite, mandar um pendrive, com P de papagaio.
PS: amanhã falo de Roberto Alvim e Regina Duarte, talkey? Se eu quiser, claro.

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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