25 de abril de 2024
Colunistas Walter Navarro

A Cultura da Regina de Arte


Eu ia escrever Vagina de Arte, mas desisti.
Ave Regina, Ave Rainha. Princesinha. Namoradinha do Brasil.
Nunca imaginei Regina Duarte política, ministra ou secretária.
Gosto dela, tem um importante papel, literal, na TV brasileira. Mais talentosas, bonitas e gostosas? Claro que tem.
Mas Regina é quase da família. Eu a conheci em 1972, na primeira e melhor versão da novela “Selva de Pedra”. Quando as novelas eram boas, tinham boas histórias, intrigas; bons roteiros, autores, no caso, Janete Clair; bons diretores como Daniel Filho e Walter Avancini.
Aliás, como tinha Walter na Globo, a começar pelo maior, Walter Clark. Walther Negrão. Fora os do cinema: Walter Hugo Khouri, Walter Lima Jr., Walter Carvalho, Walter Salles. Isso, no Brasil, fora o Walter Hill…
As trilhas sonoras também eram ótimas. Hoje? Vou nem comentar, mesmo porque a última novela que tentei seguir foi “O Dono do Mundo” de 1991!
Nunca achei muita graça em Regina Duarte porque prefiro as malvadas e fatais. Regina sempre era a boazinha, a mocinha, a vítima.
Até protagonizar uma série legal e diferente para a época, “Malu Mulher”, em 1979 e 80.
Lembro-me de um capítulo em especial, muito delicado, poético e sensual, quando ela transava com o Gracindo Jr, ao som de Chico Buarque, cantando “Sinal Fechado”, de Paulinho da Viola… E a música de abertura do seriado era “Começar de Novo”, Ivan Lins…
E além da Vagina Duarte, tinha a filha dela, com outra rima boa, a ninfeta Narjara Turetta, kkkkkkkkkkkkkkkk e o ex-marido dela, o galã Pênis Caralho, melhor, Dênis Carvalho, kkkkkkkkkkkkkkkk.
Chico, Paulinho, Ivan… Não falei que as trilhas sonoras eram o máximo do bom gosto?
Eu sou do tempo em que a Globo fazia televisão de verdade por causa desta turma aí, para cima.
Depois, como o Brasil, a Globo foi decaindo e hoje está esta coisa sem lenço, sem documento.
Depois de “Malu Mulher”, aos 17, 18 anos, claro; descobri coisa melhor que Malu: mulher! Mulher ao vivo, em cores e sabores.
Matei as novelas e fui ao cinema.
Tanto que até confundia Regina Duarte com Glória Pires. Até aparecer a Cléo Pires, na Playboy!
As novelas das seis (de época, adaptações de livros clássicos), das sete (comédias), das oito (adultas) e das dez (picantes) ficaram na memória. Belas memórias. Hoje, novela das oito é, no máximo das nove. O resto é “Malhação” e masturbação.
Fui estudar, viajar, viver a vida mais vivida e vívida que a da televisão.
Só fui rever Regina Duarte quando, em 2002, ela disse a maior verdade; proferiu a maior profecia: “Eu tô com medo do PT”. Ou “Eu tenho medo do PT”. Medo do Lula.
Eu, que só segurava mão por medo de avião, segurei a de Regina porque, em 2002, apenas dois jornalistas no Brasil alertavam para este medo, este pavor, este nojo que acabou acontecendo: Diogo Mainardi e EU.
Ele está rico em Veneza. Eu? Nem vos conto…
E Regina virou secretária de Cultura. Agora sim, ela vai ver como é foda uma Selva de Pedra em Asfalto Selvagem… E tem Francisco Cuoco para ajudar não. Mas tem Jair.
PS: Regina Mulher, Malu Duarte, mais sorte e parabéns pela coerência. Ajoelhou tem que chupar! Namorou o Brasil tem que casar!

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *