20 de abril de 2024
Editorial

Será apenas "pura pirotecnia"?

Operacao-Lava-Jato1-750x400Foto: Arquivo Google

Aos domingos, políticos e empresários com algum envolvimento em propinas, caixa dois, lavagem de dinheiro e demais crimes objetos de investigações pela Lava-Jato vão dormir sobressaltados. Quase toda segunda-feira algum notável é preso. Desta vez, foram o ex-ministro Antonio Palocci e seus assessores, como antes foram o ex- Ministro Guido Mantega. Como em um jogo de xadrez, a derrubada de peças próximas ao rei, a bispos, torres e cavalos propicia xeque-mate de um dos contendores Sérgio Moro x Lula. Guido Mantega, Palocci (ou “Palofi”), Erenice Guerra e Luciano Coutinho podem ser comparados às peças-chave do tabuleiro. O nome Lava-Jato foi muito bem escolhido, porque está lavando a cena política e empresarial da sujeira que está fervilhando por todo o país. E ainda acho que se não fosse o ministro da Justiça falar o que não devia, quando não devia e, principalmente, onde não devia, talvez tivéssemos mais provas e mais grana a ser bloqueada pela Justiça.
Se a sociedade quiser mesmo ver saneada a imoral política brasileira, deve ficar atenta e apoiar a PF, os procuradores de Curitiba e o juiz Sérgio Moro. O que se trama nas entranhas do Congresso Nacional é alguma coisa pior que a indecência. Salvo raríssimas exceções, todos os movimentos são feitos no intuito de esvaziar a Lava-Jato. O conluio entre Legislativo e Judiciário pode quase tudo, são mesmo uns deuses, mas cabe a nós, cidadãos honestos e trabalhadores, que em geral não podemos nada, afundar atirando! À medida que as falcatruas vão sendo reveladas, impressiona o volume de recursos arrecadados sob a forma de “doações legais” pelo PT. Caso tudo pudesse ser devolvido ao erário, o saldo negativo do país passaria a ser positivo.
Toda vez que um corrupto é preso, principalmente na Lava-Jato, surgem indivíduos dizendo que “a prisão é injusta”, “é arbitrária”, “é humilhante”, “estamos voltando ao tempo do regime militar”, “é autoritária”. Tentam passar a impressão de que no MPF e na PF só há imbecis e amadores. Pois não é assim. São juízes, promotores, advogados, delegados, policiais federais etc., altamente gabaritados e sabem bem o que estão fazendo, tudo dentro da lei. O povo não cai mais nessa, seus chorões. Injusto, humilhante, arbitrário e desnecessário foram os roubos cometidos por algumas Excelências.
Até serem presos pela Lava-Jato, Antonio Palocci e Guido Mantega guardavam algumas coisas em comum. São petistas e ex-ministros de Lula e Dilma. Acrescente-se à lista serem clientes do mesmo advogado que, sem cerimônias e politizando a prisão de Palocci, disse que as acusações são secretas e “ao melhor estilo da ditadura”. Certamente, não assistiu à esclarecedora entrevista em que foi detalhada, pela PF, toda a atuação fraudulenta do novo detido. Deve ter achado pura pirotecnia.
É inútil setores da esquerda reclamarem de perseguição da Lava-Jato, às vésperas da eleição municipal. A operação funciona há mais de dois anos, e foi recentemente prorrogada por mais dois anos, ou seja, ela não tem que respeitar datas nem horas. Ela foi elaborada para funcionar antes, durante e depois de qualquer evento cívico que possa estar ocorrendo no país. Ela também não avança sobre políticos do PT e de outros partidos com foro privilegiado. Aí, somente o STF tem competência para isso. Mas esse foro vai acabar daqui a dois anos e aí…

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *