19 de março de 2024
Editorial

Por que agora gritaram tanto?

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Nesta semana, recebi de um amigo, que é um petista daqueles “roxos”, mas que discute com inteligência e fica abismado com algumas coisas que “descobre”. Foi isso que ocorreu hoje: recebi uma imagem, por acaso a que ilustra este texto.
O que chamou a atenção do meu amigo, e, é claro depois, a minha, foi a coincidência de assuntos entre os governos Lula e Bolsonaro.
Em 11 de setembro de 2007, durante o governo Lula, os jornais e, no caso, principalmente a Folha, divulgava a notícia de que Lula mexeria nas Diretorias da PF e da ABIN porque “precisava receber mais informações sobre as grandes investigações da PF e por avaliar que a ABIN é ineficiente”. Recentemente alguém ouviu a mesma coisa não? Pois é!
Em conversas reservadas, Lula se queixava de saber de ações da PF pela imprensa, sobretudo em seu segundo mandato.
Se a ABIN (a CIA Brasileira, com toda as diferenças de recursos – e de atuações – que a comparam à sua “parceira” americana) já era ineficiente à época, para que ela serve se não, ao menos, para informar ao Presidente – seja ele quem for -, no mínimo, no briefing matinal, o risco de ele praticar algum ato ou qualquer outro risco, do tipo assim: “Presidente, VAI DAR MERDA!”. Não cumprindo seu papel, alguém precisa fazê-lo e, no caso, a PF foi, obviamente, a escolhida.
Isto levou Lula, à época, a falar com Thomaz Bastos sobre a substituição do Diretor da ABIN, dizendo que Paulo Lacerda seria a pessoa ideal para a ABIN. Que respondeu positivamente ao convite. Com a ida de Lacerda para a ABIN, Lula pretendia colocar Fernando Correa, delegado da PF para comandar a segurança do PAN. Este foi o primeiro evento internacional do país, cuja segurança não ficou sob a coordenação das Forças Armadas.
É claro que a partir daí houve problemas que geraram a mudança em diversos órgãos…
Agora vamos ao fato:
Houve EXATAMENTE a mesma coisa agora com o governo Bolsonaro. O Presidente, não satisfeito com a falta de informações da PF e diante da incapacidade da ABIN (que eu não consigo entender como ainda pode ser ineficiente e continuar a existir), resolve mudar a Diretoria da PF e a Superintendência do Rio. Tal qual fez Lula em seu mandato, sem a total gritaria e revolta da mídia que houve hoje.
Ao ouvir, simplesmente, esta frase: interferência direta da Presidência na PF, nos direciona a admitir, tal como com o ex-presidente admitiu uma “legal” impossibilidade de montar seu governo, principalmente na área de Segurança, mas convenhamos, se o Presidente não puder escolher, no seu organograma, os seus indicados, porque os têm que submeter ao Congresso (absurdo, na minha opinião), vai indicar pessoas que não são de sua confiança e não são “aliados políticos voláteis” que ora estão de um lado e ora de outro, dependendo de como estão as pesquisas?
Sim, na reunião ministerial, gravada a pedido do Presidente, houve algumas manifestações graves, como a do Ministro Weintraub, da Ministra Damares e do Ministro Ricardo Salles: eu não as pronunciaria numa reunião “privada-pública”, onde os ministros sabiam que estavam sendo gravados, por decisão do Presidente, aumentando assim a transparência de seu governo. No entanto isto se mostrou um tiro no pé. Estes ministros extrapolaram.
O problema é que – DE NOVO – o STF e, DE NOVO, originadas mesmas pessoas: CELSO DE MELLO, TOFFOLI E ALEXANDRE DE MORAES, vem criticar e interferir diretamente num outro Poder, com ilações absurdas e subjetivamente interpretadas. Não houve comentários em Redes Sociais do que foi dito na reunião, que era privada. Nem entrevistas, nada. O que se disse ali, era para ficar ali.
Lembram-se daquela célebre frase dos filmes que traduzida fica: “O que acontece em Vegas, fica em Vegas”?
Isso vale para qualquer governo. O que acontece em reuniões ministeriais ou internas ficam ali. O que se diz ali, fica ali… é como uma conversa de amigos num bar, tomando um vinho ou um Chopp cada um contando seus segredos para o outro. Amnésia alcoólica normal e bem-vinda, neste caso…
Amigos, o tempo passa, os governos se alternam – e isso é muito bom. A alternância de poderes é importante – mas as críticas deveriam ser sempre as mesmas. Se um novo governo cometeu um ato que fora criticado no anterior, ele tem que ser criticado também, se, ao contrário, lá atrás, um governo anterior cometeu um ato que passou batido, porque interesses assim obrigavam, a ética exige que ajam da mesma forma com o governo atual.
Não podemos condenar um governo por uma coisa isolada, quando a mesma coisa aconteceu num governo anterior e não teve a mesma publicidade e, pior, não teve a mesma atuação do STF.
Por que tanta repercussão agora?
Por que antes, Lula não teve suas decisões contestadas?
Será por que não se teme uma ditadura de esquerda como na Venezuela ou em Cuba?
Ou será que temem que o governo Bolsonaro dê certo e os resultados das próximas eleições se mostrem contrários a seus interesses, apesar da Pandemia?
PS.: ABIN: Por que tanta ineficiência, após tantas mudanças, governos após governos… dizem que está aparelhada, mas como, se até Lula reclamava dela e Bolsonaro ainda reclama… o que falta? Competência? Menos politicagem? Mais treinamento? Mais pessoal? Mais orçamento? Há que termos uma explicação, não? A ABIN é importante, mas precisa funcionar. Por que não funciona NUNCA?
Fonte da notícia original: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1109200714.htm 
Artigo-base de: ANDRÉA MICHAEL, KENNEDY ALENCAR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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