19 de março de 2024
Editorial

O passado nos condena e o presente nos assusta

Não é preciso muito estudo para ver que sem contato não há infecção viral. Isso é básico. Cientistas se acharem geniais por mostrarem isso é estranho. A pergunta de um milhão de dólares é se mais vidas serão perdidas a médio e longo prazo com a falência dos serviços de saúde e segurança devido à crise econômica do que se fosse feito um isolamento vertical.
Isolamento vertical que já existe, já que milhões de profissionais como médicos, policiais, bombeiros, caixas de supermercado e outras categorias consideradas como essenciais foram escolhidos para correrem riscos de morrer e, alguns, sem os necessários equipamentos de proteção.
Vivemos uma situação de pandemia, a economia em frangalhos, as empresas sem faturamento, os trabalhadores com salários reduzidos, queda da arrecadação de tributos, enfim, provavelmente a maior crise de nossa História. Nesse cenário, nosso Parlamento se nega a redirecionar o seu milionário fundo partidário para o auxílio de cidadãos que podem pagar com a vida pela falta de recursos.
Pior ainda, não vemos nenhum movimento da classe política para reduzir os próprios salários e benefícios, como aconteceu com todo brasileiro. Eles teriam que dar sua parcela de sacrifício. Há um projeto sobre isso, mas convenientemente engavetado. Nestas horas é que vemos quem está preocupado com o povo.
O relatório da equipe técnica do Ministério da Saúde mostra a evolução do novo coronavírus, com risco de descontrole da epidemia em quatro estados e no DF. Apesar das claras e várias explicações parece que boa parte da população ainda não entendeu a gravidade do avanço da Covid-19. Vimos pessoas curtindo o pôr do sol em parques e praias, desrespeitando todas as recomendações do Ministério da Saúde e dos governos estaduais. Para entenderem, será necessário instituirmos multas pesadas? Lembrem-se que com a adoção do cinto de segurança, só funcionou após as multas.

Foto: Google – A Gazeta
Cadê o isolamento? E as máscaras?

A total cobertura feita por toda a imprensa inibe que qualquer pessoa hoje diga: “eu não sabia”, logo, supostamente se tratam de pessoas informadas, conhecedoras da gravidade da situação e das medidas de isolamento social sugeridas pelo governo. Sua conveniente ignorância só será eliminada se ele mesmo ou alguém próximo venha a ficar doente ou falecer.
Esta pandemia trouxe à tona um passado de desprezo de todos os governos com a saúde da maior parte da população brasileira. Seja de esquerda, direita ou centro, ninguém se importou em prover as cidades de um sistema de saneamento, mesmo cientes de que, para cada dólar investido, se economiza o quádruplo na saúde.
Todos temos culpas a expiar, os dirigentes, os legisladores, a população que os elegeu e os tribunais de contas, que sempre se limitaram a aprovar contas, apresentando, às vezes, para disfarçar, uma ou outra ressalva. Espero que a lição tenha sido aprendida, embora ao custo de muitas vidas.
O passado, como vimos acima, nos condena. Nosso presente nos assusta e nos mostra um futuro sombrio, pelo menos até que tenhamos, comprovadamente, um medicamento eficaz para o tratamento do Coronavírus e, principalmente, uma vacina, o que certamente ainda demorará pelo menos de um a dois anos…
Passada a crise do coronavírus, a ONU, um organismo similar, deveria constituir uma comissão composta de membros das nações mais importantes do mundo, incluindo a China, para apurar se houve negligências por parte das autoridades competentes na avaliação da crise e que resultaram na sua expansão. Isso fará com que eventuais futuras infestações sejam enfrentadas com maior preparo e compartilhamento de soluções.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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