19 de março de 2024
Editorial

À mulher de César não basta SER HONESTA, tem que PARECER HONESTA!

Imagem: Charge Online – Charge do ZOP

Num governo que preza pela transparência e pela distância dos “amigos do rei”, causa estranheza que o filho do Hamilton Mourão, nosso vice-presidente, venha a ocupar uma função com tal despropósito salarial. Ótima formação e extrema confiança são requisitos certamente encontrados em muitos outros funcionários do Banco do Brasil, e, inevitavelmente, a gente pode questionar o peso desta nomeação.
O general Mourão, perdeu excelente oportunidade de receber efusivos aplausos por não ter puxado a orelha de seu rebento e pedir-lhe que não aceitasse a promoção agora. Se em 18 anos de carreira não conseguiu alçar tal posição, por que só agora? E, mesmo que tenha sido preterido pelo PT por ser filho de general, o que não é verdade, pois ele foi promovido dentro de sua carreira por mais de 5 vezes durante os governos do PT, este momento, não seria o ideal.
A bandeira de austeridade e ética levantada pelo novo governo não condiz com essa situação. Não quero (por experiência própria) que o filho do Mourão seja prejudicado porque seu pai é vice-presidente da república, mas que o timing foi ruim, não há dúvida. Aguarde um novo momento.
É claro que há atenuantes. Ele é funcionário concursado, há 18 anos no BB e especialista na área onde irá atuar, mas continuo dizendo que o momento foi péssimo pra estas “coisinhas”… Apenas como comentário, um outro funcionário questiona o fato de ter mais especializações e certificações que o filho de Mourão, mas que nem por isso foi promovido. Certamente há outros que questionam ou questionarão a mesma coisa. A cobrança é da coerência do governo de Jair Bolsonaro, que fala em administração “transparente, eficiente e honrada, sem os amigos do Rei”.
Um tapa na cara. Essa foi a sensação de muitos brasileiros ao tomar ciência da promoção que o filho do vice-presidente recebeu. Antes de apelar a lugares-comuns para justificar a inoportuna promoção, o general deveria se lembrar dos milhões de brasileiros honestos e competentes que sofrem com o desemprego e a recessão. Não devia permitir enxovalhar a bandeira da moralidade pretendida pelo governo Bolsonaro, em nome da qual foi eleito.
À mulher de César não basta SER HONESTA, tem que PARECER HONESTA!

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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