19 de março de 2024
Editorial

Columbine é aqui!


Vale lembrar que o lar é a primeira escola da criança. É junto aos pais que os filhos aprendem os primeiros passos, aprendem a falar, a ouvir e a respeitar regras que lhes são apresentadas. Cabe à família estabelecer valores éticos e morais e sociais ao longo da vida de seus filhos. A segunda família da criança é a escola, lugar onde ela aprende a conviver com o diferente, a respeitar o próximo, a fazer amigos, a aprender o que é bom e o que não é, e a fazer distinção entre eles, colocando em prática o que aprendeu em casa. Por medo ou omissão, muitos pais deixam de exercer sua autoridade diante dos filhos, de impor regras e limites.
Há anos vem crescendo a violência em escolas, com professores machucados moral e fisicamente. Governos federal, estaduais e municipais fazem vista grossa. Afinal, contam com que professores possam levar conhecimento, além de serem psicólogos e sacos de pancada, depositários ou alvos de frustrações de crianças e adolescentes desorientados e raivosos, administradores de “depósitos” de alunos em salas superlotadas, a preço de banana.
Há mais ou menos 8 anos, foi em Realengo, agora em Suzano, e amanhã onde será? Nossa educação está abandonada. Portões abertos a toda hora, pois as escolas não possuem profissionais ditos de apoio, como porteiros, serventes, inspetores e coordenadores, entre outros, o que dificulta o aprendizado e expõe todos ao perigo. É preciso se tomem providências urgentes antes que a história se repita.
Sabemos que adolescentes são cruéis em fazer bullying com seus colegas “gordinhos”, “baixinhos”, “magrinhos”, “caolhos”, “4 olhos”, “gayzinhos”, “viadinhos”, “orelhudos”, e outros adjetivos ofensivos do gênero, que começam como uma brincadeira, depois viram uma brincadeira de mau gosto e depois viralizaM para os demais na escola, mesmo entre aqueles que não convivem com a “vítima”, culminando nas redes sociais… e isso vai minando a resistência de quem sofre. No entanto, quem nunca sofreu bullying? Acho que todos nós já fomos vítimas ao menos uma vez e, todos sabemos hoje, que a continuação do abuso depende muito da reação inicial do vitimizado…
Cito meu exemplo: Comecei a usar óculos aos 10 anos de idade e tinha 2 dentes “encavalados”. Pronto, no dia em que apareci na escola, onde já estudava há 3 anos, de óculos, foi uma festa. Era “4 olhos” pra cá, “4 olhos” pra lá.  Já me chamavam de “vampirinho” – porque meus dois caninos ficavam à frente da minha arcada dentada. Eu ficava puto, mas em casa, logo que começou, conversei com meu pai e ele me disse: “meu filho, o apelido só pega se você resistir a ele”. Se você mesmo “rir de você e aderir”, o apelido some, porque perde a graça.
Quando juntaram os óculos com os dentes, eu virei o “vampiro 4 olhos”… de novo fiquei puto, mas me lembrei do meu pai e entrava na brincadeira, dizendo: “abre teu olho porque senão eu vou chupar teu sangue e cuidado porque, com os óculos, eu enxergo muito bem”… e a coisa foi minguando e desapareceu… outra saída que eu usei muito, pouco ortodoxa, mas que funcionava e todos riam era: “4 olhos, não meu amigo. 5 olhos, só que o outro não enxerga”… (desculpem a abordagem, mas…). Todos riam…
É claro que não havia Redes Sociais, mas o que eu quero dizer é que como foi importante a família, o lar… os velhos conselhos…
Antes que digam que estou querendo justificar o ataque como falta de “família”, não é isso, de forma alguma… acho que o caráter e a personalidade – na minha humilde e ignorante visão – são duplamente formados: parte com a família e a escola, e parte com a genética. A última não temos como mudar, mas as duas primeiras temos e elas podem suplantar aquela. Investimento em educação inclui “vigiar” o aluno para sentir como ele está em casa, seu comportamento é um reflexo da sua vida fora da escola.
No Chile, há algum tempo, o governo, a escola, a família e a polícia, apoiados com psicólogos e psiquiatras, estão avaliando as crianças na escola para prevenir possíveis ataques do gênero… isto parece “história da arte”, como se diz, mas a longo prazo eu garanto que vai dar resultado… ah sim, a História da Arte é linda…
Columbine é aqui! De novo NÃO!!!

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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