20 de abril de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Más intenções

Acho interessante o número de obrigações que a gente tem e como todos se esquecem que também somos… idosos! E, como todos os serviços estão muito piores do que já foram!

A verdade é que estou indo pra cá e pra lá – e mais o fato de minha mãe ter vivido por 50 anos aí, no Rio de Janeiro, todas as providências que temos que tomar, como tirar uma nova Identidade, tudo ser absurdamente difícil – a pessoa que portava a dela foi assaltada e – pasme – ninguém sabe para onde mudaram todos os registros do Instituto Felix Pacheco, local
onde deveria estar o RG antigo dela; só que não mais, porque ele fechou…

Como se não bastasse, essa carteira era antiga e agora todos nós temos que mudar nosso RG a cada 10 anos porque mais velhos ficamos…irreconhecíveis!

Aqui em São Paulo, fomos tirar uma nova no Poupa Tempo, usando uma xerox autenticada da que foi roubada. Já de foto atual em punho e eis que a funcionária do Poupa Tempo descobre que, no documento de entrada de volta para o Brasil (ela passou alguns anos na Europa), a certidão de divórcio feita por lá e compilada aqui, no primeiro cartório de São Paulo, São Paulo, na Praça da Sé, o único que, nos idos de 1960 fazia esses registros. E não é que ela, de acordo com quem compilou os dados, tinha nascido não em Berlim, mas, em… Belém?!

E, como é certo que o Primeiro Cartório da Sé não erra, acredite se quiser: fui obrigada a constituir advogado, pagando pelos serviços dele, para fazer uma petição solicitando uma correção!

Finalmente, quites com a lei, essa senhora nonagenária estava prestes a tirar sua segunda carteira de identidade em São Roque, onde está morando agora, mas eis que se descobre que, nesse certificado de divórcio, não consta o nome da mãe dela, sendo, portanto, impossível tirar uma nova carteira!!

Já bem escolada e esfolada, tenho o que eu reputei uma ideia genial: fiz uma certidão de nascimento minha, novinha em folha e envio a cópia para que vejam que lá consta o nome de meu pai e de meus avós paternos e o da minha mãe, e dos meus avós maternos!!

Mas, e essa outra prova que sugeri? Sem chance!! Ou apresentamos a certidão de nascimento dela – coisa que não existe porque ela chegou aqui com seu certificado de imigração – ou nem pensar em tal absurdo!!

É possível imaginar que, tendo chegado no Brasil com 12 anos, leia-se, 80 anos atrás, o que lhe deram nessa ocasião, foi uma carteira de imigrante, atualmente com aparência de um… papiro!

Felizmente, como esse registro e essa carteira de identidade foram feitas em um local onde todos se conhecem, são gentis e prestativos e, de modo geral, sempre sabem com quem estão falando, saiu sua segunda carteira de identidade, mas… sem qualquer filiação!…

Narro tudo isso para que as pessoas tenham uma ligeira ideia do que pode ser lesivo e cansativo partir do pressuposto que todos somos facínoras mal intencionados e que todo cuidado é pouco com os habitantes deste país!
Em especial com alguém que já tem… 92 anos!!!

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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