19 de abril de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Groundhog Day


Tenho pensado muito em outro filme que assisti – uma comédia. Cada um de nós tem um tipo de humor e, muitas vezes, um filme engraçado para você não o será para outro e o comediante que outros adoram pode nos irritar, nos deixar indiferentes e até nos fazer rir.
Há também aqueles filmes que precisamos de um tempo para “digerir”. Tiradas inteligentes e, eventualmente, meio herméticas, ou assim nos pareceram no momento. Essa foi a razão de não termos rido e de alguém, ao nosso lado, ter rido “às bandeiras despregadas”, como se dizia muito antigamente… no século retrasado, porque eu, mesmo sendo do século passado, nunca usei essa expressão!..
Enfim, chega de suspense! O filme em questão é desses para os quais acordamos tempos depois: Groundhog Day ou, como se chamou por aqui, “O Dia da Marmota”.
Num pequeno resumo, sem ser estraga-prazeres ou sem spoiler – como está na moda hoje – um meteorologista, muito metido a besta e cheio de verdades, é escalado para ir a uma cidadezinha nos Estados Unidos particularmente gelada e que é mencionada no mapa por conta da saída de uma marmota de sua toca – garantia segura do final do inverno!
Ele começa seu trabalho desqualificando a cidade e essa crença tradicional e segue por esse caminho por todo o dia. Qual não é sua surpresa ao descobrir que esse dia iria se repetir e repetir para ele dezenas de vezes até que…
Nesses dias de isolamento em que, por vezes, não nos damos mais conta do sentido dos dias, ou seja, a sexta-feira deixa de ter seu sabor tão especial: “Oba, amanhã posso dormir até mais tarde e então vou combinar um happy hour com a turma…”
Sábado, nos anos 60, no século passado, era dia de namorar, ir jantar fora – dependendo das possibilidades do momento – ir eventualmente a uma discoteca da moda para muito barulho, bebida e gente dançando, ou, ainda melhor, dar um “amasso” num drive-in…
Com os dias para nós se repetindo, todos aparentemente iguais (hoje, o programa é ficar no celular ou na Internet) e me veio a dúvida: “que dia é hoje, mesmo?” E lembrei desse filme visto há tanto tempo – é de 1993. O sabor será outro e não apenas de rir: ver esse que sempre foi um sonho humano: poder voltar atrás no tempo!
Já imaginou? Poder mudar um fora, uma expressão indevida, uma grosseria gratuita, ter ligado para alguém, ter sido gentil…
Hoje, por outras razões, estamos com a sensação de acordar sempre no mesmo dia – será?…

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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