24 de abril de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Eu e a internet: uma saga


Não tem dúvida que muitos de nós estamos tentando não só sobreviver à pandemia ficando em casa – especialmente aqueles que são do grupo de risco.
Moro e trabalho em casa e minha campainha sempre tocou para entregas de pacotes, grandes ou pequenos, de encomendas feitas pelo meu filho. Eu nunca tinha parado para pensar no assunto, até porque, quando isso acontecia, era só pegar, assinar e deixar na escada para levar para cima numa das 25 oportunidades diárias. Ademais, vinha tudo limpo – ou sujo, sei lá – mas não tinha que ser desinfetado – um bálsamo…
Voltando à vaca fria, eu jamais tinha me dedicado ao exercício de buscar as coisas por internet: sim, porque trata-se de um exercício daqueles!
Vou dar um exemplo: desencavei, literalmente, uma esteira que ganhei há uns 4 ou 5 anos,  de uma amiga médica, que reclamou comigo da falta de exercício e de alguns quilinhos a mais. Eu tinha operado os joelhos e estava me recuperando como tenista diária que fui (e das boas);  parei de jogar também por conta de uma mensalidade abusiva do clube do qual era sócia  e estava em teste de outras atividades menos… dispendiosas!
Minha médica e amiga, suponho que para me animar, disse: “Tenho uma esteira em casa, praticamente nova: quer?!” Eu, na certeza absoluta de que fosse me tornar uma entusiasta da esteira, mal pude acreditar na oferta generosa: dei-lhe milhões de beijos, tentei reconciliá-la com a própria esteira para lhe dar tempo de repensar, mas ela sorriu  e disse: “Usei por três dias e no quarto …”
No final de semana, eu era a feliz proprietária de uma esteira!! Já me via apostando corrida comigo mesma, ouvindo música, lendo, vendo noticiário, filmes… Essa sou eu: quero fazer tudo aproveitando, sabe como? Cinco atividades embutidas numa única… claro, são todas afins!!
Aí, descubro que preciso de um ímã porque a chave de segurança da esteira não veio! Em tempo, a chave de segurança nada mais é do que um ímã, pendurado em um barbante que, na outra ponta, tem uma presilha para plugar na sua roupa caso você caia, por se tratar de um exercício tão violento, ela despluga o ímã e a esteira para!…
Lá fui eu pelas oficinas da vizinhança ver se encontrava um, achei e, mesmo sem o barbante e a presilha, como sou indômita, subi na esteira e… funcionou!! Três dias depois, não sei o que houve, precisei sair e não passei pela esteira. No outro dia, também não sei o que houve e, então… lá foi meu presente, super bem cuidado, desmontado, coberto, para o… canil!
Anos depois, começa esta quarentena e vários quilinhos a mais, lembro e tenho uma recaída: MINHA ESTEIRA!!! Desta vez, VAMOS!!
Peço para meu filho tirar do canil, coloco na sala de jantar, ponho pilhas novas no visor e… não encontro o tal ímã que não tinha barbante, nem presilha  e agora já sei: a Internet!!! Lá vou encontrar tudo! Dito e feito: pedi a tal chave de segurança – que, por conta da entrega custou uma nota (e eu ia dizer “um nêgo com pito e flauta” mas acho que é politicamente incorreto).
Eis que chega a chave, em meros 3 dias, envelopada e certamente contaminada: MARAVILHA!!! Desinfetada, coloco e, por meros 3 minutos, tudo funciona e, em seguida, para meu desgosto, pifa!!
Peço socorro à loja que me mandou a chave. Encantadores, me ensinam mil macetes para tentar fazê-la funcionar porque eles estão em… Franca, há 400km de São Paulo…
Toca achar um técnico… onde? Na Internet, claro!
Mais 4 dias esperando e vou em busca dos meus tênis de caminhada! Estão lindos, inteiros e… totalmente descolados!
Preciso de uma cola especial para borracha: mas onde? Já sei! Na Internet! …
Minha saga apenas começava: aguardem os próximos capítulos!!

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *