19 de abril de 2024
Colunistas Sergio Vaz

Bolsonaro dá nojo

As baixarias do sujeito não têm limite algum – nem mesmo a doença terrível.
Por que razão um homem público, um líder político, sairia de um procedimento médico absolutamente normal dizendo que pode ser que seja câncer – se não há ainda indício algum de que possa ser câncer?
O usual, o normal era que os homens públicos tentassem esconder suas doenças. Que se exibissem cheios de saúde. Temos na nossa história muito recente o exemplo de Tancredo Neves.
Quando o governador Mario Covas se internou, em 1998, no mesmo Incor em que Tancredo passou suas últimas semanas, fez o exato oposto do que foi feito com o primeiro presidente civil eleito (ainda que em colégio eleitoral) após 21 anos de ditadura. Determinou que nada fosse escondido, nada fosse ocultado – que as condições de sua saúde fossem transmitidas ao público exatamente como de fato estavam. Sem qualquer tipo de mentira, de ocultamento da verdade. E assim foi feito, durante todo o tempo em que conviveu com a doença que o iria matar em 2001, três longos anos após a primeira internação em 1998.
Seu neto, Bruno Covas, tem feito como o avô. Tem escancarado para o mundo sua luta contra o câncer. Poderíamos dizer que o mundo mudou para melhor, entre a doença de Tancredo e a de Covas – e mais ainda a de seu neto.
Antes tentava-se esconder a verdade. Covas fez questão de que a verdade fosse mostrada a cada momento. Isso faz sentido.
Agora, que sentido faz o ex-capitão anunciar que pode ser que tenha um câncer de pele que ninguém sabe se ele tem – nem mesmo os médicos que o atenderam no Hospital da Força Aérea em Brasília? O que ele pretende com isso?
Minha primeira resposta a estas questões seria um amontado de palavrões, apenas.
Depois de tentar dar uma respirada, poderia me ocorrer o seguinte:
O energúmeno é tão energúmeno que parece que ficou com inveja da simpatia demonstrada pelas pessoas por Bruno Covas, que nesta quarta-feira, 11/12, teve que ser levado à UTI após uma nova dose de quimioterapia, e resolveu dizer que ele também corre o risco de estar com câncer.
Mas não, não, não. Isso seria demais da conta.
Seria como se eu estivesse confessando que estou louco, que vejo maldade, sacanagem, em tudo o que o governo Bolsonaro faz.
Sem dúvida não pode ser isso. Até porque Bolsonaro não teria inteligência suficiente para preparar um golpe destes.
Perfeito. Perfeito. Legal. Mas resta a primeira questão:
Por que razão um homem público, um líder político, sairia de um procedimento médico absolutamente normal dizendo que pode ser que seja câncer?
Me lembro, claro, da frase brincalhona, célebre, de Otto Lara Resende: “O mineiro só é solidário no câncer.” Se estivesse vivo, Otto Lara Resende seguramente refaria sua frase.
O bolsonarismo não é solidário nem no câncer. O bolsonarismo é o câncer.
O Boletim

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