23 de abril de 2024
Colunistas Priscila Chapaval

A minha quarentena

Vendo os noticiários noto uma irritação geral contra as pessoas que não seguem as regras impostas contra o coronavírus. E é fato uma vez que saem e não estão nem ai. Sabe Deus o porquê.

Eu nem posso comentar porque segui à risca a quarentena e não saí de casa por dias e dias. Tive muita ajuda de pessoas minhas vizinhas amigas e da família. Fazem meu supermercado e fazem a feira para mim. Me trazem chocolate – meus sobrinhos – e me apoiam. E ficam no meu pé para eu não sair de casa.
Felizmente moro em casa térrea e com jardim interno. Lá cuido das plantas, podo, coloco adubo, cuido dos passarinhos, tomo sol e coloco as roupas sujas na maquina. Ou seja, parte do meu dia me ocupo com a parte externa da casa. Depois começa a trabalheira dentro da casa. Tem muita poeira por conta das obras recém-iniciadas de três edifícios aqui no quarteirão. E toca varrer o chão, passar o pano com água sanitária. Ginástica na marra!
Mas ontem bateu aquela vontade de sair e ir até o supermercado. Queria comprar coisas como meu café descafeinado em pó para passar pelo coador (eu adoro!) e coisas diferentes, ver as novidades, comprar mudas e terra para plantar na minha horta. Fui toda paramentada com máscara, luvas e mangas compridas. Álcool em gel no bolso e luva extra de reserva.
Fui de tarde e sem muita gente. Peguei o carrinho pequeno. A recepcionista logo veio me oferecer álcool em gel e passou o produto pelo carrinho. E lá fui eu que parecia uma criança na Disney diante de um mundo de consumo gastronômico.
Meu pai sempre dizia: Filha, coma frutas e legumes são os melhores remédios! Se alimente bem!
Comecei a ficar irritada quando as pessoas esbarravam em mim. E começou a ficar mais cheio e me deu vontade de ir embora. O carrinho já estava de bom tamanho.
Sai de lá e fui num lava-jato lavar meu carro que estava imundo. Não tenho garagem e meu carro fica na rua. Estava precisando de uma ducha. Fui e pedi para lavarem só por fora. Dentro estava limpo. Mas me senti culpada de estar tanto tempo na rua sempre com a mesma máscara no rosto.
Finda a lavagem, rumo à minha casa. Nisso passei num fornecedor de incensos maravilhosos e pedi da janela do carro para ele me atender. Ele falou para eu entrar, e lá fui eu. Morrendo de medo dele espirrar (ele estava sem máscara) ou entrar mais clientes. Comprei umas coisinhas e voltei correndo para casa.
Hora de descarregar as coisas do carro para casa. Um tal de vai e vem que me cansou.
Fora que na rua ando com um sapato. limpo a sola e deixo ele lá. Dentro de casa uso outro. Vou ficar com TOC se é que já não estou!
Enfim… cheguei a conclusão que me adaptei ao sistema: Fica em Casa! Me sinto segura e tenho medo do corona, ele é louco para pegar a gente!!!
Hoje faz muito frio e eu agasalhada e vou colocando roupa em cima de outra roupa ainda com frio. Minha casa é gelada.
Penso nas comunidades, e dá vontade de dar mais roupas para quem precisa.
Já andei espirrando e começando a ter dor de garganta. É normal. O frio me deixa assim.
E assim cheia de roupas, parecendo uma cebola com varias camadas, entro debaixo do cobertor e vejo os noticiários onde pedem mil vezes para ficar em casa. Não sair.
Assim fico com o maior prazer. Sem culpa!
Boa tarde a todos.
Ah… esqueci de comprar meu café descafeinado! Vou ter que sair novamente.Quem sabe quando…

Priscila Chapaval

Jornalista... amo publicar colunas sobre meu dia a dia...

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