18 de março de 2024
Saúde

Quais são os principais tipos de depressão?

Nem toda depressão é igual. Conheça as diferentes faces da doença e qual é o melhor tratamento para cada uma

A depressão pode se manifestar de diversas formas — até a época em que ela dá as caras pode variar
(Ilustrações: Maíra Martines/SAÚDE é Vital)

No caminho entre o preto e o branco, nossos olhos são capazes de distinguir 30 tons de cinza. Todos integram a mesma escala de cor, mas cada um deles tem nuances únicas. O mesmo raciocínio pode ser aplicado à depressão: não se trata de uma doença idêntica para seus 320 milhões de portadores espalhados pelo planeta.
Entre a alegria pura e a tristeza mais profunda, há um espectro de sentimentos e manifestações capazes de repercutir na vida e exigir o olhar de um profissional de saúde. Conheça, abaixo, os principais tipos do transtorno:
Depressão maior
É o tipo mais comum e genérico. “Seus sintomas são tristeza, angústia, desânimo, culpa e alterações no sono, no apetite, na concentração e na libido que persistem por muito tempo”, lista o psiquiatra Volnei Costa, da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos.
A doença se divide em três graus: leve, moderado e grave. Cada um possui a sua abordagem — aliás, não é porque a situação é mais branda que dá para relaxar e ignorar seu impacto no dia a dia.
Tratamento: há três pilares fundamentais em qualquer recuperação: remédios antidepressivos, psicoterapia e a mudança no estilo de vida. Praticar exercícios físicos, por exemplo, é uma recomendação de dez entre dez psiquiatras.
Sazonal
Essa não costuma dar tanto as caras no Brasil ou em outros países com temperaturas mais elevadas e clima ameno. Porém, é um tormento sério em lugares como o norte dos Estados Unidos, o Canadá, a Islândia, a Dinamarca e a Noruega.
Durante o inverno, há pouca luz natural nesses locais — o dia começa tarde e já fica escuro de novo lá pelas 14 ou 15 horas. E a falta do sol afeta os indivíduos mais suscetíveis, que se tornam bastante deprimidos durante as épocas de frio extremo.
Tratamento: além do combo básico (medicamentos, terapia e hábitos saudáveis), uma alternativa bem eficaz é a fototerapia. O paciente fica durante um tempo dentro de uma cabine de luz. Isso beneficia certas regiões do cérebro dele.
Distímica
O termo está caindo em desuso na medicina, mas você pode encontrar profissionais que falam sobre essa versão da melancolia.
Ela é caracterizada por sinais bem leves, quase imperceptíveis, que perduram por dois anos ou mais. A pessoa acaba aprendendo a conviver com aquilo e, por mais prejuízos que tenha no dia a dia, não conversa com ninguém sobre o assunto.
O problema é que o quadro pode se aprofundar rapidamente e provocar sérios danos à saúde física e mental.
Tratamento: a psicoterapia é especialmente estratégica por aqui: durante as sessões, será possível identificar os sintomas e as melhores maneiras de desarmá-los a tempo. Fazer atividade física é outra boa pedida para elevar o ânimo.
Atípica
Apesar do nome, ela é prevalente e intriga os experts. A diferença está na forma como se manifesta.
“Ela segue um padrão peculiar: em vez de sonolência excessiva, dá insônia. Enquanto nas outras há perda de apetite, nela ocorre um aumento na ânsia por comer”, exemplifica o médico Ricardo Alberto Moreno, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Outras características são a piora dos sintomas no final do dia e um humor mais sensível e irritável.
Tratamento: além dos antidepressivos básicos, o psiquiatra irá avaliar a necessidade de prescrever fármacos da classe dos estabilizadores de humor. Eles são muito utilizados em outros transtornos, como a bipolaridade.
Psicótica
É uma das depressões mais sérias e preocupantes da lista. Os sintomas corriqueiros estão presentes. Porém, junto deles, pintam outros, como delírios de perseguição ou a sensação de que algo muito ruim está para acontecer a qualquer momento.
Há casos em que a psicose se agrava e o sujeito mistura a realidade com fantasias de sua cabeça. Alguns chegam a achar que seu coração parou ou já estão mortos. Essas situações extremas, ainda bem, são muito raras.
Tratamento: não dá pra fugir das medicações antipsicóticas. Dentro do plano terapêutico, elas promovem uma reorganização do cérebro e aliviam a crise. Quanto antes o esquema for iniciado, melhores os resultados e menor o risco de recaídas.
Mista
Observada por pesquisadores desde o século 19, ela vem ganhando destaque na última década, com a descoberta de novas ferramentas para diagnosticar e encarar o problema. Suas principais marcas são aceleração do pensamento, maior irritabilidade e comportamentos compulsivos nas compras, no sexo ou na forma de reagir aos outros.
“O dilema é que muita gente acaba confundindo a depressão mista com ansiedade, mas são entidades completamente distintas”, ressalta Costa.
Tratamento: os antidepressivos podem deixar o pensamento ainda mais acelerado. Para evitar esse efeito colateral, é necessário primeiro recorrer a estabilizadores de humor ou antipsicóticos e fazer frente aos sintomas compulsivos mais urgentes.
Melancólica
Os maiores incômodos, como a falta de energia, a tristeza absoluta e a angústia, se agravam e ficam alarmantes. “Outro traço dela é o fato de os sintomas serem piores logo de manhã e melhorarem um pouco durante o dia”, observa Moreno.
É o tipo mais fácil de ser identificado, mas, não raro, o indivíduo não deseja sair de casa para consultas com o especialista. Amigos e familiares precisam criar uma rede de suporte e dar toda a atenção necessária para fazer esse resgate.
Tratamento: antidepressivos são essenciais. Outra saída em casos graves é a eletroconvulsoterapia, que recorre a estímulos elétricos na cabeça. O método é seguro e tem eficácia comprovada.
Pós-parto
A queda na produção de determinados hormônios logo após a gestação vira um tormento danado a mulheres suscetíveis. Elas desenvolvem uma ideia de incapacidade de cuidar do bebê ou simplesmente não experimentam a alegria da maternidade. Na sequência, aparece a culpa, que deixa tudo pior e prolonga a doença pelos meses seguintes.
A melhor maneira de evitar que o transtorno alcance proporções catastróficas é conversar com o ginecologista e relatar qualquer sentimento que pareça estranho.
Tratamento: Alguns antidepressivos específicos são indicados, pois não afetam o processo de amamentação. O acompanhamento com o psicólogo é outra ferramenta valiosíssima para identificar e vencer pensamentos negativos.
Fonte: Saúde Abril

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