19 de março de 2024
Turismo

Surpresas próximas a Agrigento

A Sicília realmente surpreende. Todo mundo já ouvir falar de Taormina, Palermo e Siracusa. Mas há vários lugares pouco conhecidos e que valem demais serem visitados.
No post anterior falei de Agrigento com seu fantástico sítio arqueológico Vale dos Templos.
Hoje vou dar uma dica para quem estiver nessa região: Scala dei Turchi e Villa Romana del Casale.

Scala dei Turchi, em italiano, significa Escada dos Turcos. Na pesquisa que fiz para elaborar o roteiro pela Sicília em outubro passado, me deparei com este nome até então desconhecido para mim. Localizada a poucos quilômetros de Agrigento, na costa sudoeste da Sicília, faz dobradinha perfeita para quem estiver na cidade.

Visual fantástico! (Fonte: Mônica Sayão)

Fiquei intrigada com o nome Escada dos Turcos… Soube que os sicilianos chamavam aleatoriamente as populações árabes de “turcos”. E “escada” diz respeito ao aspecto físico deste penhasco de calcário branquíssimo, que ao longo do tempo foi erodido pelo mar e ventos, e que adquiriu forma parecida com degraus.
Diz a lenda que o local era ideal para os piratas, que ancoravam seus barcos na enseada de águas calmas e escalavam seus degraus para saquearem as cidades próximas. Faz sentido…
Meu primeiro contato ao vivo com a Scala foi o da foto abaixo. O motorista do ônibus parou num ponto estratégico da estrada e nos fez a surpresa. Como diz uma amiga, foi o momento “UAU!” A alvura do calcário em degraus contra o azul do mar foi imagem inesquecível para mim.

Primeiro contato visual com La Scala dei Turchi – momento “Uau!”
(Fonte: Mônica Sayão)
Dei zoom na câmera… ainda mais surpreendente!
(Fonte: Mônica Sayão)

Percebi que é uma região mais simples do que outras na Sicília. Ao longo da estrada há alguns prédios baixos e mal conservados. Mais adiante alguns hotéis e pousadas. Não há uma estrutura turística significativa, mas talvez por isso mesmo é que o lugar se mantenha inalterado e não tenha perdido a beleza e encanto. Aprendi que na vida tudo tem um lado bom e outro ruim.
A entrada para a Scala aparece de repente, junto à estrada. É um cartaz que indica o acesso à praia vizinha, através de rampas e escadas.

A entrada da Scala é livre, é só descer até a praia.
(Fonte: Mônica Sayão)

É uma descida longa, mas nada cansativa por causa das rampas suaves. Sem contar que a gente já vai descortinando um visual muito bonito.
Do final das escadas e rampas até a Scala dei Turchi propriamente dita, anda-se por quase um quilômetro sobre a areia de duas praias vizinhas. A gente nem percebe a distância por causa do entorno tão bonito e de tanta expectativa do que vem adiante.

Descida para a praia vizinha à Scala dei Turchi: degraus, rampas e um cenário
para lá de bacana. Detalhe: a Scala fica à direita após a descida.
(Fonte: Mônica Sayão)
A caminho da Scala dei Turchi. (Fonte: Mônica Sayão)
Emoção aumentando… (Fonte: Mônica Sayão)
Olhando para trás depois de subir o calcário branquinho. (Fonte: Mônica Sayão)

Finalmente, na minha frente, a imagem que perseguia deste a pesquisa na internet. A cor da água nessa enseada é assim mesmo, sem nenhuma maquiagem de minha parte. Imagino que seja o calcário branco que também deve estar no fundo do mar. Vocês repararam nas fotos anteriores das outras praias? Mar bonito, transparente, mas não com a mesma tonalidade de azul.

Agora sim! O visual espetacular que aguardava ansiosamente ver. O paredão de calcário contra o mar de um azul turquesa lindo é uma dupla quase imbatível. (Fonte: Mônica Sayão)
Uma última imagem da Scala dei Turchi. Deixou saudades.
(Fonte: Mônica Sayão)

A outra dica é visitar a Villa Romana del Casale, que fica a 3km da cidade de Piazza Armerina, no caminho entre Agrigento e Catânia.

É uma vila romana enorme, construída entre os séculos 4 e 3 AC, que provavelmente pertenceu a alguém muito importante do Império Romano, aliás, da República Romana, porque o Império Romano só começa mesmo em 27 AC quando Augusto foi proclamado o primeiro imperador de Roma. Mas isto é outra história…

A certeza da importância do dono da Villa vem do fato da propriedade ser enorme, cerca de 3.500m² de área construída, e com pisos totalmente revestidos de lindos mosaicos. A imagem abaixo, que está na entrada da propriedade, mostra como ela está hoje. Para o leitor ter uma ideia das dimensões, o espaço nº. 19 de cor bem clara, o Peristilo, tem aproximadamente 40m de comprimento.

Mapa da Villa Romana e seus muitos espaços. (Fonte: Mônica Sayão)

A propriedade estava recoberta por terra e vegetação e só foi descoberta em 1950. Houve tentativas anteriores sem êxito.

Até hoje está em processo de escavação. Acredita-se que ainda muito será revelado no entorno. O que surpreende porque o que se vê hoje já é enorme!
A Villa Romana foi construída em níveis e áreas distintas. Há a parte social para visitas, que inclui átrios, salas, quartos, banheiros, termas, corredores enormes, etc., a parte íntima, com tantos outros cômodos quanto a área dos visitantes; a parte de grandes eventos como o salão conhecido como a Basílica, que é o único espaço da vila que tem os pisos revestidos com diferentes tipos de mármore; e a parte dos empregados.

O Tepidário logo na entrada da Villa (ver cômodos nº 7, 8 e 9 do mapa acima).
(Fonte: Mônica Sayão)

Estive no sítio arqueológico de Pompeia e na Villa Romana del Casale na mesma viagem. E não vi em Pompeia uma residência que se compare em tamanho e riqueza de mosaicos como a da Villa. Esses mosaicos de seus pisos, que felizmente sobreviveram até hoje, são o maior atrativo da Villa. Eles retratam cenas da mitologia, de festas, de ocasiões especiais como caçadas, jogos e da vindima. Todos sofisticadamente elaborados, alguns com molduras geométricas, e sempre elegantemente coloridos.

Primeira imagem ao entrar no corpo da casa, o Peristilo (nº 19). Essa é uma característica típica das casas romanas: um pátio interno, com circulação coberta ao redor. Na época a parte central era de fontes de água e o entorno de jardins.
(Fonte: Mônica Sayão)
Detalhe da circulação coberta no entorno do Peristilo. Piso com mosaicos.
(Fonte: Mônica Sayão)
Visto de cima: entrada privativa das Termas (nº 21).
(Fonte: Mônica Sayão)
O Grande Corredor (nº 36): impressionante!
(Fonte: Mônica Sayão)
Detalhe do Grande Corredor. (Fonte: Mônica Sayão)
Outro detalhe do Grande Corredor. (Fonte: Mônica Sayão)
Em outro cômodo, um dos mais famosos pisos da Villa, que retrata os esportes femininos. (Fonte: Mônica Sayão)
Outro ambiente com mosaicos maravilhosos. (Fonte: Mônica Sayão)
O guia local molhou uma pequena parte do piso para nos mostrar como realmente
os mosaicos eram na época: lindas e vívidas cores. (Fonte: Mônica Sayão)
A Basílica (nº 58): espaço para os grandes eventos. Esse é o único ambiente da Villa onde o piso é todo revestido com diferentes e preciosos mármores. (Fonte: Mônica Sayão)

Recomendo fortemente a visita à Scala dei Turchi e à Villa Romana. Os dois grupos que acompanhei na visita ficam encantados e… surpresos!

Mônica Sayão

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

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