19 de março de 2024
Turismo

Adorável Ragusa

Uma panorâmica de Ragusa Ibla, a parte mais antiga da cidade. (Foto: Mônica Sayão)

Adorável Ragusa, adorável Sicília! A ilha é maravilhosa e surpreendente por sua gama de atrativos. Mar azul incrível (existe esta cor?), maravilhosas cidades construídas em encostas vertiginosas, patrimônio greco-romano fantástico de antes e depois de Cristo, patrimônio árabe-normando surpreendente do século XI e XII, lindo patrimônio barroco do século XVII e XVIII. Assim é a Sicília!

O leitor ainda quer mais? E tem: o Etna, o mais alto vulcão da Europa e um dos mais ativos do mundo, reinando imponente entre Taormina e Catania. E mais: a gastronomia com seus azeites, queijos deliciosos, pistaches em todas as versões, até como pesto de pistache para acompanhar massas, alcaparras divinas (são mais suaves), os adocicados tomates de Pachino, bons vinhos, e seus cannolis (doce típico com ricota cremosa).

Mapa da Sicília: assim fica mais fácil localizar Ragusa, no sul. (Foto: www.tes.com)

Estive na Sicília em duas ocasiões distintas, sempre acompanhando grupos de turismo. Que privilégio!

De imediato digo que o clima em outubro foi muito mais agradável que o de setembro, com temperaturas máximas de 25C, dias lindos exceto dois deles chuvosos, e com bem menos turistas circulando. Ponto para outubro, se bem que com a mudança climática mundial nada posso afirmar para o próximo ano.

Falarei aqui nos próximos posts sobre os meus destaques da Sicília. Começarei por Ragusa, uma das mais simpáticas cidades da ilha.

Ragusa é dividida em duas partes: a mais alta e mais moderna chama-se Ragusa Nuova e a parte mais antiga chama-se Ragusa Ibla (por causa dos Montes Ibleos). Em 1693 houve um enorme e devastador terremoto na Sicília, que destruiu a parte leste da ilha, em especial a parte sudeste, onde encontra-se Ragusa, Noto e Modica. A classe trabalhadora da cidade resolveu sair de Ragusa Ibla para construir suas casas em um terreno próximo mais alto, e assim nasceu Ragusa Nuova.

A classe nobre decidiu reconstruir Ragusa Ibla e não se mudar de lugar. Reconstruíram seus palacetes e igrejas no estilo da época, o barroco siciliano, com os muitos recursos que dispunham. Hoje Ragusa Ibla é Patrimônio Mundial da Unesco, pela beleza e importância de seu acervo arquitetônico.

A cidade de Ragusa, divide-se em duas partes: a Nuova, mais alta e a Ibla, mais antiga e mais abaixo. (Foto: Mônica Sayão)

Sugiro começar a visita por Ragusa Nuova, que nem tão nova é, e que também tem belas igrejas do barroco italiano, construídas após o terremoto. Pode-se começar em frente à Catedral de São João Batista, construída em 1694. A catedral se encontra na junção de duas das principais ruas da cidade alta, a Via Roma e Corso Itália.

A Catedral de São João Batista em Ragusa Nuova. (Foto: Mônica Sayão)

Siga então pela Corso Itália ladeira suave abaixo. Esta é a direção de Ragusa Ibla. Pelo caminho, construções simpáticas, alguns cafés e uma sensação de lugar pacato, mesmo esta área sendo de tráfego de automóveis.

Mais abaixo a gente percebe que as construções são mais antigas, os caminhos mais estreitos, e escadas e becos começam a aparecer.

Ao descer a ladeira em direção a Ragusa Ibla, o cenário muda e as escadarias passam a surgir. (Foto: Mônica Sayão)
Fazer este caminho vale qualquer esforço, acredite. (Foto: Mônica Sayão)

É importante ressaltar que há maneira de fazer este percurso de automóvel, por outro caminho paralelo. Mas qual a graça? O bacana é passar por esta experiência pelas ruelas e escadarias que os habitantes locais usam no seu dia a dia.

De repente você vira a esquina e chega a um largo com algumas construções barrocas. Há sempre muitas surpresas deliciosas pelo caminho. Ragusa Ibla se aproxima.

E aí começa a parte mais legal, que é descer a escadaria final, enorme, que vai proporcionando visuais incríveis de Ragusa Ibla abaixo. Esta escadaria passa pela Igreja de Santa Maria dele Scalle (Santa Maria das Escadas), onde há um pequeno pátio frontal ideal para fotos fantásticas.

De repente você desemboca num largo com construções barrocas. (Foto: Mônica Sayão)
O grupo e eu neste percurso adorável, com Ragusa Ibla ao fundo. (Foto: Mônica Sayão)
Muitos ângulos e perspectivas ao longo da escadaria. (Foto: Monica Sayão)
E os palacetes barrocos começam a aparecer com maior frequência. (Foto: Mônica Sayão)

Vários degraus e curvas abaixo, finalmente chega-se a Piazza Duomo, a praça central de Ragusa Ibla. Ela é estreita e alongada, basicamente de pedestres, com exceção aos poucos carros dos locais. A praça tem um aclive discreto que culmina com a Catedral de São Jorge, o Duomo. Como disse anteriormente, fui duas vezes a Ragusa, em dias da semana e horários diversos, e a igreja estava sempre fechada. Coisas de cidade pequena, eu suponho.

Finalmente chega-se a Piazza Duomo, praça principal de Ragusa Ibla, com a catedral de São Jorge ao fundo. (Foto: Mônica Sayão)

O entorno da praça é rodeado pelos palacetes barrocos que foram reconstruídos após o terremoto de 1693. Há alguns restaurantes e cafés, mas a atração mesmo é o Divini, a melhor gelateria de Ragusa. Delicioso gelato, tomei sem a menor culpa.

A rua que liga a Piazza Duomo ao Giardino Comunale chama-se Via XXV de Aprile, e é o eixo principal de Ragusa Ibla. Vale passear por ela sem pressa. Lojas interessantes, mais palacetes e igrejas barrocas e finalmente a chegada ao jardim da comunidade, muito bonito e agradável, onde os locais se encontram.

Via XXV de Aprile: loja de cerâmica local, muito charmosa. (Foto: Mônica Sayão)
Fachada charmosa ao longo da mesma rua. (Foto: Mônica Sayão)
Melhor gelato da cidade, vale conferir! (Foto: Mônica Sayão)
Giardino Ibleo, jardim comunal de Ragusa, ponto de encontro dos moradores. (Foto: Mônica Sayão)

Comprar um gelato na Divini e ir “degustá-lo” no jardim comunal, depois da visita à cidade, é fechamento perfeito para uma visita memorável.

Mônica Sayão

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

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