16 de abril de 2024
Colunistas Maria Helena

Obrigada, Netflix

“Os Dois Papas”

Dirigido por Fernando Meireles, ‘Dois Papas’, narra um momento decisivo para a Igreja Católica. O drama traz a amizade surpreendente entre o Papa Bento XVI com o então futuro papa Francisco. Representados por Anthony Hopkins e Jonathan Pryce, os religiosos conversam sobre várias questões, desde música até opiniões opostas sobre religiões.

Divulgação/Divulgação

Sou fissurada em noticiários (ainda se usa “fissurada”?). Sejam na Internet, Impressos, na TV, no Rádio. Um dia sem saber o que se passou no Brasil e no Mundo, é um castigo.

Viciei-me em notícias aos dez anos, quando comecei a seguir, diariamente, as tirinhas dos jornais.

Mal o papai chegava em casa, quase na hora do jantar, eu pegava os cinco jornais que ele carregava e corria para as tirinhas.

Ele, que de bobo não tinha nada, achou que a leitora, apaixonada pelas revistas em quadrinho, podia e até devia, ler as tirinhas dos jornais, mas que ler mais do que as aventuras do Pafúncio e da Marocas e companhia bela, faria melhor à menina e começou a me pedir para ler para ele, em voz alta, os editoriais dos grandes jornais e um ou outro artigo ou uma ou outra notícia.

De repente, já estávamos comentando as notícias e aprovando ou não as palavras e as ações que o noticiário do dia repetia. Claro está que eu devia dizer muitas tolices, mas nunca senti que meu pai não levava a sério as opiniões da sua pirralha.

Continuo a mesma no que se refere a essa paixão. Começo diariamente com o Blog do Noblat e seu Twitter, vou para o jornal impresso, leio artigos publicados na Internet e acompanho os noticiários transmitidos pela TV.

Mas neste ano de 2019 essa paixão tem sido um martírio. O noticiário anda muito pesado. Seguir as palavras do presidente da República pesa na alma e no coração. O homem não sabe dizer nada sem ser agressivo ou inconveniente. É grosseiro, rude, belicoso com todos que o cercam, sobretudo com os jornalistas que o seguem em função de sua profissão. Tem uma enorme predileção por termos sexuais ou que se refiram a raças e gêneros. É uma figura que desmerece o Brasil!

As notícias de mortes são tão violentas,sobretudo de crianças; a falta de solução para crimes como o assassinato de Marielle; o inacreditável sumiço do Queiroz; os muitos casos de assassinato de mulheres; os horrores tipo morte de um menino de 10 anos atacado por pit bulls e rottweilers; a morte estúpida de seis crianças pela polícia do RJ; as inacreditáveis decisões do ex-capitão que levam à morte nas estradas; são inúmeras as notícias que mexem com minha saúde ao lê-las. Todas as do pai. Igualmente os absurdos ditos ou propagados pelos garotos Bolsonaro. Que, como seu genitor, não sabem pensar.

Mas paixão é paixão e eu não ia largar a Imprensa. Nem podia. Não podemos ser cidadãos sem saber o que se passa em nosso país e no mundo. Mas o peso das notícias estava sendo demasiado.

Solução? Lavar a alma depois de ler as notícias. Como? Lendo bons livros, ou melhor, relendo bons livros. Assistindo bons filmes. Ir ao cinema diariamente não dá… Fica muito caro. Aí surgiu em minha vida a Netflix! Maravilha das maravilhas.

Depois de um dia ouvindo ou lendo os Bolsonaro, nada como assistir “Os Dois Papas”.

O cenário deslumbrante, o rito grandioso da eleição papal, a beleza da Basílica de São Pedro, a deslumbrante paisagem de Castel Gandolfo, a atuação magnífica dos atores Anthony Hopkins e Jonathan Pryce, extraordinários!

Mas nada disso, e que “isso!”, supera os diálogos e o retrato da transformação das duas personalidades centrais do fato mais importante do século 21, a renúncia de Ratzinger e a ascensão de Bergoglio.

A cena das confissões, de um Papa ao outro, em plena Capela Sistina, está gravada em minha memória, para o bem de meu espírito. É um filmão!

Obrigada, Fernando Meirelles. Obrigada, Netflix.

Fonte: Blog do Noblat

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