18 de abril de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Saúde na UTI

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, está visivelmente abatido devido ao tratamento contra o câncer. Seria chover no molhado dizer que ele está com disposição porque está sendo cuidado por equipe de oncologistas do mais alto gabarito do Hospital Sírio Libanês. Portanto suas chances são maiores do que um cidadão comum que paga impostos para não ter tratamento adequado do sistema de saúde pública.

Em parte é verdade. A fila de pacientes que lidam com as deficiências do estado no combate a doenças crônicas é muito grande. E muito pior ao que vemos no Rio de Janeiro. Falência geral.

Mas não significa que o prefeito paulistano tenha mais chances de cura, apesar do que há de melhor na medicina.

A agressividade da sua doença é que vai determinar isso. Já o brasileiro comum come o pão que o diabo amassou quando tem uma dor de barriga e perde mais outro quinhão no balcão da farmácia.

Além do colapso do SUS – Sistema Único de Saúde –  insuficiente para a atual demanda, há o envelhecimento natural da população brasileira. E com isso vêm as doenças típicas da idade e a inexistência de cuidados preventivos que deveriam ser preventivos para tornar o quadro menos ruim.

Os últimos dados sobre a saúde do brasileiro são de 2013, quando foi realizada a última pesquisa do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. E os números já não foram bons.

O fato é que não adianta nada mobilizar recursos para levantar os dados junto à população se não forem usados para definir rumos e ações.

Com os resultados catastróficos da economia nos últimos quatro anos, a situação da saúde pública recrudesceu. Quebradeira geral nos hospitais e condição vergonhosa de infraestrutura de atendimento. Doentes espalhados pelo chão, falta de medicamentos, pacientes parindo na rua, médicos sobrecarregados, deficiências de higiene, tudo até pior que em muitos hospitais de campanha.

Os resultados da pesquisa foram óbvios. O brasileiro come mal, ingere muito álcool e refrigerantes, abusa do tabagismo e está obeso. Só isso já possibilita deduzir as consequências.

A obesidade é de 24,4% entre mulheres e de 16,8% entre homens.

Os refrigerantes são consumidos por 23,4%; doces e biscoitos, por 21,7%; bebidas alcoólicas por 24%; o fumo por 14,5%; e 46% do total é de sedentários.

Tudo isso, junto e misturado, contribui para com um quadro perigoso: 21,4% de hipertensos; 6,2% de diabéticos ; 12,5% com colesterol ruim elevado; 18,5% com problemas de colunas, além de outros males mais.

Em fevereiro próximo teremos os números da Pesquisa Nacional de Saúde que está em curso desde agosto passado. O IBGE está avaliando 108 mil domicílios por todo o país. São 1.500 agentes em campo colhendo informações ainda mais detalhada.

De olho no estilo de vida e na incidência de doenças já apuradas, o Ministério da Saúde e o núcleo de pesquisas incluiu questões sobre paternidade e pré-natal para homens, atenção primária à saúde com módulos específicos para crianças de todas as idades, mulheres com 18 anos ou mais, vítimas de violência entre outras.

Há itens para investigar mais sobre as doenças crônicas do aparelho circulatório e respiratório, responsável por 63% das mortes no mundo e também no Brasil.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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