18 de abril de 2024
Ligia Cruz

Eclipse


Quantas notícias sobre o eclipse lunar de hoje. Todas com farto conteúdo ficcional, emocional, apreensivo e até fatídico. Isso me fez pensar se aquela bola redonda pendurada no céu é mesmo capaz de tudo isso.
É certo que governa as marés, os partos, as mulheres e muitos mais fenômenos terrenos, mas daí a provocar desastres e infortúnios é coisa de lunáticos. Então somos todos.Apaixonados por ela quando se banha de prata ou se avermelha.
Aí me vem outro paradoxo. Se habitássemos em Júpiter como seríamos nós, influenciados por 79 luas? Quais delas moldariam nossas emoções?
Todas fêmeas girando em torno do gigante como serviçais, entre nuvens de poeira cósmica e anéis de gás. Ganimedes, Europa, Io, Calisto e todas as outras estão presas ao magnetismo extraordinário do planeta. Foram muitas mais no tempo que cabe no tempo. Bateram cabeças e se pulverizaram.
Marte, nosso vizinho vermelho, de tão irritado e seco atraiu para si o medo e o pavor, Fobos e Deimos, filhos de Ares, duas luas que mais se parecem com asteroides presos à sua órbita.
Saturno, entre seus anéis de poeira e gás, mantém em torno de si 62 luas. Como seríamos sob a influência desse mega sistema gasoso? Titã, a maior delas, é parecida com a Terra. Abriga oceanos, rios, lagos imersos em névoas de nitrogênio, gelo, rochas e criovulcões. Lá venta e chove, mas não vive ninguém. Pelo menos da forma como conhecemos. Urano e Netuno têm cada um, 27 e 14 luas com nomes de personagens de Shakespeare e da mitologia grega. Titânia, Oberon, Tritão, Nereida, Proteu, Umbriel são algumas. Até mesmo o longínquo Plutão arrasta em seu giro cinco luas geladas. Caronte é a maior. Apenas Mercúrio e Vênus são planetas solitários em nosso sistema solar.
O fato é que já somos estranhos o suficiente com nossa única Lua. Ela ilumina nossas noites antes mesmo de existir qualquer vida na Terra. A hipótese mais conhecida é a de que ela surgiu do impacto de nosso planeta com Théia. A Terra a capturou enquanto era apenas um fragmento de rocha enfurecida, a domou e a manteve cativa.
Talvez, tudo o que existe aqui está na exata proporção da dinâmica alucinante do universo, com suas entranhas pontudas e fascinantes. A nossa única Lua é única. Desperta paixões, divagações e às vezes se esconde de vergonha de nossa arrogância e mesquinhez. Ela vai sobreviver a nós.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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