18 de abril de 2024
Ligia Cruz

Coitados dos tarados

Foto: Arquivo Google

Assunto recorrente. Em plena avenida Paulista, dentro de um ônibus, um passageiro ejaculou no pescoço de uma passageira que estava sentada. Uma situação asquerosa e flagrante molestação sexual a olhos vistos. A reação da passageira fez com que as outras mulheres presentes no transporte público fez o motorista parar e chamar a polícia. O sujeito foi para a delegacia, a queixa lavrada e ele detido. Parecia justiça feita.
Mas mesmo diante de todas as testemunhas, o juiz que analisou o caso concluir que houve crime, constrangimento, nem mesmo atentado ao pudor e o liberou. Para ele recomendação de tratamento psiquiátrico; para ela nada.
O malandro saiu tranquilo da detenção caminhando, cheio de si e convicto de que é um coitadinho, pode tirar seu órgão sexual em público e despejar seu esperma nas mulheres que desejar. Não bastaram outras seis acusações pelos mesmos delitos.
Em outras ocorrências o pervertido sacou seu membro e o encostou em mulheres mais de uma vez. Fica assim: molestadores são vítimas de mulheres tentadoras e podem manifestar seu gozo nojento, sem consentimento, em qualquer uma, dentro de transporte público ou outros locais e não dá em nada.
Esse é o retrato sombrio de um país onde se viola direitos e se comete crimes impunemente. Por isso o Brasil naufraga nesse mar de imoralidade que transpassa todos os níveis sociais e os direitos individuais são zeros à esquerda.
Sem entrar na imoralidade política testemunhada no pais, os crimes sexuais e de gênero são apenas traços tímidos no ranking nacional.
Porque são nada em meio à montanha de dinheiro público que escoa para bolsos de quadrilhas ao invés de ser investida em segurança pública.
Quando um velhaco canalha como o ex-médico Roger Abdelmassih é solto para cumprir domiciliar de araque, no conforto de sua mansão, qualquer outro pé de chinelo do naipe tem salvo conduto para transgredir.
O que acontece diariamente com mulheres de todas as idades no metrô, trens metropolitanos, ônibus e locais públicos com as mulheres – para citar só São Paulo – é de estarrecer.
Em estações de metrôs mais ermas, há registro de estupros em escadarias. Isso em uma cidade onde ocorre 13 assassinatos de mulheres, com abuso, estupro, espancamento e morte, por dia. O que salta aos olhos é o absoluto desprezo da justiça e da sociedade para com as responsáveis por sustentar mais da metade da pirâmide produtiva do país.
O Brasil, nação de reconhecida afabilidade, esconde na bainha social a covardia. Uma pena que juízes sejam permissivos para com esses crimes, tal como são contra corruptos.
Resta saber se haverá complacência se, alguma mulher, por instinto de defesa matar um estuprador desse. Não se trata de invocar a lei de Talião, mas garantir direitos. Se a justiça não esta para a mulher, esta deve estar por si mesma.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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