Um democrata, vice-presidente no governo Costa e Silva. Como determina a lei, com a morte do presidente, deveria ter assumido.
Mas houve o aparelhamento por determinado grupo de militares e a coisa tomou outro rumo.
O AI-5 não era necessário. Militares e civis sabiam disso.
Fez o certo. Acima da vaidade pelo poder.
E foi aí que se instalou, sim, o golpe.
O Brasil poderia ter sido naquele momento reconduzido à Democracia plena.
Mas ali a coisa começou a ser outra.
Até na Educação, quando tiraram o Latim do ensino Médio e depois até das faculdades de Direito junto com o Direito Romano e passaram a distribuir concessões de rádio e TV para coronéis como ACM, José Sarney, Maluf e tantos outros.
E Eliezer Batista, Ministro das Minas e Energia no governo João Goulart – que tanto Costa e Silva quanto Pedro Aleixo consideravam um sujeito nada confiável – foi convidado de honra por João Batista Figueiredo para ser presidente da Vale do Rio Doce.
Eliezer, a quem Castelo Branco indicou para emprego em empresa privada de mineração, já que não tinha respaldo para colocar no governo, mapeou as riquezas do país e entregou ao filho Eike Batista, que preferiu negociar o mapa da mina e viver como nababo. Pisou em falso.
Verdade seja dita.
Também foram os militares que alavancaram a Rede Globo, a emissora amiga que se beneficiou do poder e aprendeu a usar e abusar das vantagens e a criar esquemas de uso do dinheiro público em barganha com o poder.
Qual a dúvida?
Ou seria possível comparar o brilhantismo e o preparo de um jurista do porte do Pedro Aleixo com um presidente tosco e despreparado como o general Figueiredo, que, lá na frente, no caminho plantado por certos militares, garantiu a ascensão de sanguessugas de péssima índole e nenhuma capacidade?
Vamos dar nomes aos sanguessugas: FHC – que nunca foi exilado, porque o parente próximo era da cúpula militar – e o outro, Lula da Silva, o falastrão pelego que seguia os passos do irmão mais velho no sindicalismo.
E com eles veio a leva de oportunistas de toda ordem e estabeleceu-se a troca de um ideal de oportunidades para todos pelo ideal do poder e das vantagens ilícitas da esquerda radical e criminosa.
Integridade!
Pedro Aleixo era tão íntegro que quando estava à frente do Congresso Nacional e o filho dele José Carlos, que estudava em seminário jesuíta no exterior foi ordenado padre, Pedro Aleixo viajou com a esposa e pediu licença formal para a viagem.
Quando retornou ao Brasil viu que recebeu pagamento integral e verificou que tinha valores a mais. Foi ao departamento responsável em Brasília, perguntar do que se tratava.
Além do pagamento integral, sem desconto dos dias em que se afastou, havia verbas extras de viagem e hospedagem.
Pediu que fosse revisto porque ia devolver o dinheiro corrigido.
Ouviu do chefe do departamento que ele deixasse como estava, pois a justificativa era a de que viajou para “representar o país” e que a figura dele no exterior representava o Brasil.
Pedro Aleixo então disse: – “não, eu estava lá para abraçar e parabenizar meu filho, pai que abraça com orgulho e amor o seu filho. O custo da viagem é pessoal e não do povo brasileiro.
Peço desculpas por ter me afastado do país nesses dias e o dinheiro retornará aos cofres públicos”.
Lá na raiz.
Pedro Aleixo é natural de Passagem de Mariana. O sobrado onde nasceu virou museu.
O pai dele, José Caetano, comprou um casarão, que tinha na parte de baixo o “armazém” ou “venda” Aleixo. Assim surgiu o nome da família. Mas suspeita-se que o sobrenome era originalmente italiano “José Caetano” , de “Caetani” e virou “José Caetano Aleixo”.
Quando virou museu, na data oficial, houve missa na Catedral de Mariana e a inauguração no local.
(Saí de São Paulo e fui à solenidade me acompanhou na empreitada, buscando-me no aeroporto e me contando histórias da História, o grande Djalma Gomes, jornalista investigativo, correspondente internacional, com família quatrocentona da mesma Mariana e que me ensinou os primeiros passos da “investigação além da investigação”).
E segue a História.
A família Aleixo se mudou de Passagem de Mariana para a Praça Antônio Dias, 80, em Ouro Preto. Ao lado da Matriz, próximo à praça principal da antiga Vila Rica.
A construção do século XVIII é um sobrado de dois pavimentos, localizada em uma das primeiras ruelas de Ouro Preto.
Lá funcionou a Fundação Guignard e a casa foi doada à Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP). Atualmente no imóvel, funciona a Escola de Arte Rodrigo Melo Franco de Andrade e a sede do Memorial do Presidente Pedro Aleixo.
O grande Pedro.
Pedro Aleixo, foi proibido pelos militares de exercer qualquer atividade política. Passou a fumar absurdamente, morreu de desgosto e tristeza. Não enriqueceu na Política. A casa em que residia em Belo Horizonte, projeto de Oscar Niemeyer, ele deixou em usufruto para a mulher, mas doou para fundação que atendesse menores carentes.
Nenhum dinheiro no exterior, nada em cofres de banco, nenhuma peça retirada do patrimônio público.
Patrimônio conquistado como grande advogado e jurista.
Pedro Aleixo X Juscelino Kubitschek
Naquele tempo, Juscelino Kubitschek era oposição política a Pedro Aleixo. Os partidos PSD e UDN.
Polos opostos na política, mas ambos queriam sim, o melhor para o povo e o país. Tinha, cada qual os seus princípios e ideais,
Juscelino, como Pedro Aleixo, não deixou patrimônio milionário a herdeiros.
Eram grandes amigos e “compadres”: padrinhos dos filhos um do outro. Bons tempos….
Os Natais.
Juscelino e a família tinham endereço certo de encontro no Natal: a casa da rua Paracatu, 747, em Belo Horizonte.
E onde eu entro nessa história?
Paulo, o filho da irmã mais nova de Pedro Aleixo era muito querido pelo tio e desde pequeno admirava a maneira carinhosa e suave dele, mas ao mesmo tempo eloquente e determinado.
Assim como Milton Campos, Pedro e Paulo estudaram Direito na “Vetusta”, a Casa de Afonso Pena.
Na formatura dele, Paulo, lá estava o tio na primeira fila a aplaudi-lo. A ele deu a caneta pessoal, o anel de formatura, uma coleção de Direito Penal e o convite: “o seu lugar no meu escritório está garantido”.
O sobrinho agradeceu. Passou em todos os concursos públicos, fez cinco doutorados.
O tempo passou. E lá estava o Paulo, jornalista, radialista, professor, advogado, juiz de Direito, desembargador, sobrinho do jornalista, professor, advogado, presidente da câmara dos deputados em Brasília, ministro da educação e vice-presidente da República, o jurista Pedro Aleixo, me entregando aquela caneta, o anel, a coleção de livros e me oferecendo ajuda para eu seguir o caminho do Direito.
Mas eu, preferi seguir o meu próprio caminho onde a Justiça pudesse ser buscada de forma mais ampla, além da arrogância de muitos que ao contrário de Pedro e Paulo não entendem que são apenas servidores do povo. Quis ir além da letra fria da lei que dá lugar a interpretações de viés político de certos grupos e Cortes de Justiça.
Quanto ao irmão Alberto, não se sabia ao certo onde estava. Não se falava dele. Era uma tristeza para a mãe idosa.
A família de Alberto Aleixo recebeu o direito a indenização por ter sido torturado e morto.
Mas, valor muito pequeno. Bem distinto do que o advogado do PT Eduardo Greenhalgh conseguiu para muitos da turma. Alberto era comunista e achava que iria melhorar o mundo. Quando a mãe morreu procurou os irmãos para oferecer a parte dele na herança. Ninguém quis comprar. Maurício, filho do Pedro disse que só podia pagar 4 mil, valor abaixo do real.
A Justiça tarda mas não falha
A Justiça foi feita : Pedro Aleixo reconhecido como Presidente do Brasil. O retrato na galeria dos presidentes em Brasília.
A carta oficial , meu pai também recebeu e está guardada.
A caneta e o anel dados a mim foram retirados de cena como aquele Cristo barroco que Lula e Marisa surrupiaram do Alvorada.
No meu caso , a autoria tbém é inquestionável. Foi “Caim”.
Mas anel e caneta não garantem a ninguém SER como Pedro ou Paulo. E nem assinar Aleixo.
Por falar em assinar…
Com Assis Chateaubriand, Pedro Aleixo fundou os Diários e Emissoras Associados.
Eu estudava Direito, Belas Artes e Jornalismo. Ao mesmo tempo, Full time! Depois passei a fazer o jornal da Faculdade de Direito – era o meu laboratório (virei Diretora de Imprensa de todas as chapas políticas, meu negócio era a notícia. Eu fazia tudo, de charge a fotografia).
E passei em concurso para a Judiciário. E corri atrás:” oi , o jornal da Amagis precisa de uma repaginada”. Fiz um exemplar e aprovaram. Passei a fazer o jornal da Amagis (Associação dos Magistrados)… veio o convite da família que quando eu me formasse poderia escolher o lugar em certo jornal porque eu tinha talento e já fazia um bom trabalho.
Mas, eu era estudante… E pensei: vão sempre dizer por maior que seja o meu mérito que foi pelo nome de família.
Pronto!
Passei a usar o sobrenome italiano. E tenho pelo menos três primas com o mesmo nome. Resolvido.
E por fim…
O Grande Pedro
Ele lutava por democracia, por liberdade de expressão (freedom of speach).
Não lutava por questão de gênero, por pedofilia, por sexualização de crianças, nem contra a Igreja, contra a cultura brasileira, a tradição judaico-cristã.
Ele não queria queimar museus, não queria benefícios e auxílios para poder representar o povo. Certa vez colocou o filho Sérgio como assessor dele em Brasília , para economizar para o povo. Sergio não recebia nada.
Pedro Aleixo era um homem brilhante e íntegro.
Além de tudo tinha um grande texto. E honrava a palavra. A apavora dele era de honra .
Ao meu tio Pedro, o abraço que faltou!
E a honra de ser sua sobrinha neta e nem precisar assinar o mesmo sobrenome para provar isso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Ao belíssimo trabalho de pesquisa da BBC News, que apresentou Jornalismo como nos grandes tempos, aqueles tempos que eu só ouvi dizer nas histórias que ouvi.
À Bebel Faria de Oliveira que me enviou o link e a todos os meus amigos e às famílias deles cuja História do país se mistura com a História de empenho, dedicação, mérito , esforço , princípios de família e sociedade. Tudo isso que não vamos deixar se perder.
Desde os Alpes até o glorioso Reino da Mantiqueira de onde vemos o horizonte infinito.
Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.