20 de abril de 2024
Junia Turra

A Filosofia é Matemática!

E até os gárgulas sabem disso. E eles estão espalhados por aí. Cuidado!

Até o final da Idade Média o método de ensino para se alcançar o mais elevado grau de conhecimento era o que foi estabelecido pelo filósofo grego Platão.
O método se chamava Quadrivium.
E o ensino seguia uma ordem Matemática: Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.
Filosofia que forma a nossa cultura é “Matemática”! Porque Música e Astronomia, também entram no ensino como tal.
A Filosofia grega, a chamada Filosofia Antiga, que inspirou Cristo e Buda, é base da nossa cultura e o método aplicado na Idade Média era o do Quadrivium.
Nem vou entrar no mérito da etimologia da palavra Quadrivium… 😉
Mas o Quadrivium é resultado de um trabalho preparatório, o Trivium, que reunia Gramática, Lógica e Retórica.
E de que “Idade das Trevas”? Sai deste breu…
A Idade Média nunca foi “Idade das Trevas”, tolinhos…
A arquitetura gótica é prova inquestionável.
Aliás, lamentável é ver gente com formação, estudos no exterior, dizer: “Notre Dame era um templo do mal”.
A justificativa? Os gárgulas, aqueles monstros esculpidos no alto da Catedral.


 


Não só Notre Dame, mas a Catedral de Sevilha e inúmeras outras têm os gárgulas.

Tais monstros são inclusive fantasias em blocos de Carnaval pela Europa: na Suíça, Alemanha, Itália, Bélgica.

Ah, você também não sabe que o Carnaval não é invenção brasileira. Foi levado ao Brasil pela Corte de Dom João VI. Há mil anos ele ocorre na Europa, desde tempos de paganismo.
Não tem só baile de máscara em Veneza. Aqueles blocos em Olinda, nas cidades históricas mineiras, a tradição no Rio? Tudo isso uma adaptação do que existe na Europa.
Mas…
O mal paira sobre a Notre Dame?
O que são os “gárgulas”?
Ligados ao Iluminati?
Aliens do sistema Alfa?
A única certeza é a de que estas suposições, analogias, e elocubraçōes são proferidas por um grupo de terráqueos do sistema “Analfa-Beto”.
Qual a verdade?
Naquele tempo não havia livros como hoje e muito menos Internet. Logo, nas Catedrais, a história era contada através da arquitetura e da arte.
Os gárgulas simbolizavam que do lado de fora há o mal e devemos nos proteger e nos precaver.
Passagens bíblicas, as virtudes da fé estão presentes também nos vitrais e dentro das Igrejas.
Mas os gárgulas na verdade funcionam como escoadouros de água, as tais calhas, para impedir infiltrações. E já existiam, aliás, na arquitetura egípcia, dos gregos, romanos e do Império Inca.
Gárgula vem da palavra grega “gargarizó”, que significa gargarejar.
“Vigiai e orai”.
Em batalhas ou perigos, as pessoas corriam para dentro das Igrejas e os nobres e seus cavaleiros ficavam do lado de dentro, próximos à porta principal para enfrentar o inimigo. O povo se protegia na área do altar.
É comum do lado de fora das casas na maior parte da Europa ter gárgulas ou monstros nos jardins e nas entradas. Em edifícios antigos e castelos tbém.
Infelizmente, no Renascimento, além de terem queimado bruxas logo no início jogando toda a culpa na Idade Média, o método de ensino mudou.
Não mais o “Quadrivium Matemático” . E daí em diante a coisa só degringolou. Prova disso é que tem gente aí achando que Filosofia é inútil.
Mas às vezes o tiro sai pela culatra.
Nunca se vendeu tantos gárgulas e monstrinhos. Recorde em encomendas na Europa inclusive para exportação.
Quem sabe os gárgulas escoem a ignorância de uns e espantem o mal dos que insistem em ser ignorantes. Amém!

Junia Turra

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

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