Esse general Hamilton Mourão, como já dava para perceber desde a campanha eleitoral, é um homem mais sabido do que jamais imaginou a vã, além de escassa, sabedoria do Complexo Lula-PT-Esquerda Nacional. Pouco a pouco, já há um bom tempo, o vice-presidente foi ficando mais moderado, mais tolerante, mais razoável, mais liberal, mais amigável etc. etc. — até acabar, agora pouco, defendendo a saída de Lula para o enterro do irmão, por razões “humanitárias”, segundo ele.
Passo a passo, e exatamente ao mesmo tempo, Mourão foi se livrando do tiroteio sem descanso dirigido contra o governo Bolsonaro, seus ministros, seus amigos, sua viagem a Davos e sabe lá Deus o que mais — até Israel está debaixo de pancadaria intensa por ter enviado uma equipe militar de socorro ao desastre de Brumadinho. Mourão, entretanto, tem sido deixado cada vez mais na Paz do Senhor.
Alguém ainda se lembra do famoso filho, que estaria abalando as estruturas da República por ter sido promovido de cargo no Banco do Brasil? O assunto morreu. A mídia simplesmente deixou de falar mal — há risco, inclusive, de que comece a ser mais ativamente simpática com ele. Em suma: o general, em um mês de governo, parece estar melhor do que estava no começo.
Fazer uma “abertura à esquerda”, mais uma vez, parece estar se mostrando um santo remédio para amansar a esquerda brasileira. Se até Renan Calheiros virou um líder “progressista” por dar (a custo zero) um “apoio” ao Complexo, porque seria diferente com qualquer outro?
Mourão também não precisa fazer nada de mais para agradar a oposição; basta que continue nessa batidinha. Não seria suficiente, é claro, se ele tivesse de disputar uma eleição. Mas o general não precisa disputar mais nada: já está na cadeira de vice-presidente pelos próximos quatro anos.
A lentidão mental da esquerda brasileira é um fenômeno praticamente sobrenatural.