24 de abril de 2024
Joseph Agamol

Quando o mundo voltar

Foto: Mike Gutkin
Vou aprender aquela música do Cat Stevens, o que adio há anos. “Father and Son”, conhecem?
Ou talvez “You’re my Best Friend”, do Queen, só voz e violão. Eu amo.
“Blackbird”, dos Beatles. Amo também. Igual.
Quando o mundo voltar.
Vou retomar a pronúncia de Inglês, a propósito.
E retomar aquele caminho no meio do bosque que eu sempre quis saber onde ia dar, como no poema de Robert Frost.
Aliás, vou retomar o Frost. Pronto.
Quando o mundo voltar.
Vou prestar mais atenção no ar que respiro.
No céu: seja azul, seja chumbo. No gosto da comida.
Vou prestar mais atenção.
Quando o mundo voltar.
Vou me estressar mais devagar, perdoar mais rápido, demonstrar mais o que me vai por dentro.
Mais.
Vou guardar menos grana e mais imagens.
Mais viagens.
Quando o mundo voltar.
Vou conjurar a Primavera e torcer pelo sol,
Descobrir o Central Park no silêncio do Outono que surge,
E o início dos cristais de gelo em novembro me levando à primeira Starbucks.
Quando o mundo voltar.
Todas as manhãs serão como a primeira e todos os pôres de sol serão únicos,
E eu dançarei a valsa vienense como num poema de Drumond, num passo bêbado como na canção do Chico, e meus olhos serão felizes em contemplar o mundo de volta, depois de tanto, tanto tempo.
Quando o mundo voltar.
Ele será novo e terá o sabor do bom uísque texano e eu vou saudá-lo como uma criança saúda o Natal ou um bom cão a chegada do seu dono.
Quando o mundo voltar.
Eu disse “quando”. Não “se”.
Porque ele vai voltar e será como o som de uma orquestra dos anos 40 tocando uma canção de Gershwin com Sinatra cantando.
Vai ser lindo como o Central Park no Outono.
Quando o mundo voltar.
Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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