É isso. É simples assim. Nada de eufemismos. Sem meias-palavras. Nada de tergiversar.
“Sair do Brasil”. “Viajar.” “Autoexílio”. Não!
Apenas fujam.
Eu não douro pílula.
Fujam do Brasil.
Lavem banheiros no Texas. Limpem a jaula dos tigres-brancos na Alemanha. Capturem mambas-negras na Austrália.
Mas fujam do Brasil.
Às carreiras, às pressas, à toda brida.
Deem linha na pipa. Montem no porco. Sebo nas canelas.
Fujam.
“Criança, não verás um país como este!”
Verdade.
Porque ele deixará de existir, ao menos como uma configuração política aceita dentro do concerto dos países civilizados.
Ou talvez nunca tenha existido, vai que a gente só imaginou. Ou sonhou.
Dizer o quê? Que metáforas usar que não estejam gastas e que correspondam à realidade? Dizer que o Brasil não é um país sério? Para não ser sério, para ser risível, para ser ridículo como as cartas de amor de Fernando Pessoa, teríamos que ultrapassar várias etapas de civilização.
Dizer que somos uma república de bananas? As legítimas, as tais, ao menos tem suas imagens institucionalizadas e respeitadas. São repúblicas de bananas que se prezam.
Dizer que, aqui, a salsicha corre atrás do cachorro? Isso não é o suficiente para descrever um país onde criminosos posam para selfies, onde criminosos saem da cadeia no dia das mães, onde criminosos…
Se aqui fosse Gotham, o Coringa cantaria no coral da igreja.
Fujam.
Enquanto há do que fugir.
Eu não douro pílula.
Fujam.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.