16 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

A nobreza simbólica dos leões

Imagem: William Burrard- Lucas
Você não precisa personificar a nobreza simbólica dos leões. Mas também não é necessário que incorpore a covardia inata dos gnus.

Há um provérbio, de origem desconhecida, que diz mais ou menos assim: todo dia o sol se levanta na África. E, com o sol, todo dia se levantam também os leões e os gnus. Tanto leões quanto gnus sabem que precisam correr – uns para caçar, outros para não ser caçados. Portanto, não importa se você é um leão ou um gnu: quando o sol nascer, é melhor você começar a correr…

A vida é dura para leões e gnus. É um fato. Mas você sempre pode escolher o lado em que deseja ficar. Fazer parte da manada pode ser confortável: você estará cercado por gnus semelhantes, todos balindo frases chavões e clichês que querem disseminar. Não é necessário pensar: outros pensarão por vocês. Nada de conflitos também: o lado dos gnus é fofinho, manso e parece defender causas bonitas contra as quais ninguém em sã consciência poderia se opor.

Escolher ser leão não é tão simples: eventualmente você terá que caminhar sozinho. Na contramão. Atravessar desertos e cruzar rios. Só. Seu rugido poderoso poderá ser abafado pelos mugidos da manada. Os gnus serão mais numerosos, sempre. Conforme-se.

Os estúpidos gnus podem ser maioria. Mas estarão fadados a ser eternamente um rebanho. Gado de corte. Massa de manobra. Abate.

Ser leão, em resumo, é estar condenado a caminhar muitas vezes sozinho, a buscar sua satisfação da forma mais dura, a pensar de forma independente, a eventualmente dormir ao relento e ser obrigado a escalar as mais altas montanhas em busca simplesmente de ar puro.

Quem liga? A vista aqui de cima é linda.
Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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