25 de abril de 2024
Veículos

No fundo da gaveta, um test-drive de 1993


Com esse tempo maior em casa, arrumando gavetas, armários, HDs… acabei encontrando uma pequena série de fotos do comecinho dos 1990s, como esta, feitas durante alguns dos meus primeiros test-drives, para a antiga revista Ele Ela.
O Brasil acabara de reabrir as importações de automóveis e recebi a missão de criar uma seção fixa sobre carros para a publicação, onde trabalhava como redator. Uma demanda do departamento comercial, de olho nas várias concessionárias de importados que começavam a pipocar por aqui e que poderiam, quem sabe, render anúncios.
Castigo bom
Soube então por meu editor que a ordem para que fosse eu o responsável pela nova editoria partira diretamente do diretor das revistas, que não ia lá muito com a minha cara.
“Ele me pediu para escalar especificamente você, Henrique, como uma espécie de castigo”, revelou o editor. “Ele disse que, aqui na revista, você só escreve sobre o que gosta, mas que agora vai ter de escrever sobre carros só porque ele está mandando”. Àquela altura, eu escrevia sobre música, cinema, gastronomia, viagens… e o tal diretor nem imaginava que os carros eram minha paixão desde pequeno. O editor sabia e vivia me pedindo conselhos sobre o assunto. Rimos muito com isso.
Se não me falha a memória, esse Suzuki Vitara aí da foto foi um dos três ou quatro primeiros modelos que eu tive a oportunidade de avaliar, provavelmente no comecinho de 1993. Depois de rodar com o carro durante algumas horas, paramos na Praia de Grumari, entramos na areia e fomos até a beirinha do mar, aproveitar a bela luz do final da tarde para as fotos.
Fazendo pose
Além de um ensaio com o carro, o fotógrafo escalado no dia para a pauta fazia uma imagem minha com o modelo, para eventualmente ser usada para ilustrar o índice ou o editorial da edição (várias delas foram publicadas).
As fotos eram sempre feitas em cromo (slides diapositivos) e consegui ficar com cópias de algumas (poucas) delas, que guardei em meus arquivos. Mais recentemente, quando íamos começar a gravar o programa Oficina Motor, o me pediram fotos que ilustrassem momentos da minha carreira, para usar no primeiro episódio, e me lembrei delas. Uma meia dúzia delas foi selecionada e digitalizada (como esta aí). Os cromos já estavam um pouco manchados e desbotados, mas as imagens estão razoavelmente nítidas.
Olhando para esta foto agora, consigo até ouvir o barulho do mar e sentir o cheiro da maresia, naquela praia praticamente deserta. E me lembro, também, da imensa alegria que tinha naqueles dias, por finalmente conseguir “brincar de carrinho” profissionalmente.
E o test-drive?
Tentar resgatar com precisão minhas “impressões ao dirigir” daquele Vitara exigiria uma memória de elefante que eu, claro, não possuo. Devo até ter a matéria arquivada em algum lugar, mas para localizá-la, acho que precisarei de mais algumas semanas de quarentena, rs. Me lembro, porém, que era um Vitara 1.6 de duas portas e teto rígido (havia uma opção com teto de lona), cheirando a novo. Que ter achado que, para um off-Road, aquele carrinho tinha uma aparência frágil e que dificilmente eu associaria à lama.
Recordo ter estranhado um pouco o comportamento dele no asfalto, alto, com rodas e pneus grandes e entre-eixos curto, bancos macios, oscilando bem mais que os carros de passeio aos quais estava mais habituado. E de ter gostado do interior, simples, mas bem acabado.
Minha melhor e mais forte lembrança, porém, é da sensação gostosa de, depois de ter engrenado a tração nas quatro rodas, avançar pela areia fofa em direção ao mar de Grumari para, em seguida, acelerar bem na beirinha d’água, para fotos em movimento, em direção ao pôr do sol.
Ao longo dos anos seguintes, tive a oportunidade de dirigir e de andar como passageiro de alguns outros Vitara (depois GM Tracker) de quatro portas, com motores a gasolina e a diesel, por caminhos os mais variados. Eram confiáveis, confortáveis e, no fora de estrada, costumavam surpreender os mais céticos com sua boa performance. Tanto que passaram a ser adotados por muitos jipeiros para raids e trilhas – onde você ainda hoje é capaz de encontrar alguns deles.
Fonte: Blog Rebimboca

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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