28 de março de 2024
Veículos

Fiat Cronos 1.3 ou 1.8, qual a melhor escolha?


Lançado no ano passado, o Cronos é a arma mais recente da Fiat para tentar ficar com uma fatia um pouco maior do disputadíssimo mercado dos sedãs compactos.
Para que você possa conhecer um pouco melhor esta variação de três volumes do Argo, juntamos neste mesmo post – e no vídeo da TV Rebimboca (acima) que está estreando hoje em nosso canal do Youtube – três versões do carro, com motores 1.3 e 1.8 e cada uma delas equipada com um tipo de câmbio: manual, automatizado e automático. Dando nomes aos bois, quer dizer, aos carros, aqui estão o 1.3 Drive GSR, com câmbio automatizado, o Precision 1.8 manual e o Precision 1.8 AT6.
Para que esgotássemos todas as possibilidades ficou faltando apenas a versão Drive 1.3 com câmbio manual, que fica para uma próxima vez.

A batalha dos sedãs
Antes de ligar os motores, vamos a uma pequena contextualização: aqui no Brasil, o segmento dos sedãs compactos é um dos mais disputados. Mesmo não sendo atualmente os carros mais vendidos do mercado – posto ocupado pelos hatches compactos, seguidos pelos SUVs de porte pequeno e médio –, a quantidade desses pequenos carros de três volumes que saem das concessionárias tem aumentado. Quantidade suficiente para fazer com que a maioria das montadoras mantenham automóveis desse tipo em seus cardápios, com opções que vão de carros mais simples aos chamados premium. Eles têm preços que partem da casa dos 40 mil reais e – dependendo da versão, motor e equipamentos – podem passar da dos 80 mil. Um indício claro dessa importância foi o lançamento quase simultâneo, no ano passado, de dois rivais: o VW Virtus, irmão de três volumes do Polo mais recente, e o Fiat Cronos, irmão do igualmente recente Argo e nosso assunto aqui.

Assim como o Argo, o Cronos causa logo uma boa impressão com o seu design. Por fora, suas linhas não são assim tão diferentes da tendência geral, mas são bem bacanas, harmoniosas e dão ao carro certa personalidade. Diferentemente do que já aconteceu com alguns outros sedãs derivados de modelos de dois volumes (como nos primeiros Palio Siena, da própria Fiat), não fica parecendo que encaixaram “uma bunda”, perdão, um apêndice com um porta-malas maior na traseira de um outro carro, menor.

Há vincos e curvas percorrendo as laterais e, para marcar ainda mais a diferença do sedã em relação ao hatch Argo, os projetistas da marca italiana criaram um capô dianteiro só para ele, com vincos maiores e avançando um pouco mais em relação à grade frontal. Atrás, tampa do porta-malas tem um ressalto que faz as vezes de um discreto aerofólio. Acho que o resultado disso combina uma certa sofisticação com pitadas de esportividade – especialmente na versão Precision.
Beleza interior
Por dentro, o ambiente é acolhedor. Os bancos são macios, bem acabados e encontrei uma boa posição para dirigir com relativa facilidade. De um modo geral, o material sintético usado nos painéis das portas e no tablier passa uma boa sensação. No painel de instrumentos, a visualização dos mostradores é muito boa, tanto na parte analógica com seus ponteirinhos quanto na digital, que abriga as funções do computador de bordo em uma telinha TFT. A ergonomia geral não cansa. Ou seja, você não precisa se esticar ou torcer o pulso para ligar ou regular nada.

Fiat Cronos Drive GSR 2019 | divulgação

Todos os três carros que testamos estavam equipados com quase todos os opcionais, e isso inclui a prática central de multimídia, integrada ao computador de bordo e que pode ser conectada aos smartphones Apple e Android, reproduzindo na tela vários de seus aplicativos e funções. O som não chega a fazer com que você se imagine em uma sala de concertos, mas ajuda a tornar mais agradável.
Como no Argo, a única coisa que incomodou a este pernudo jornalista foi a bela, mas protuberante, alça interna da porta. Como o volante possui somente regulagem de altura, para a regulagem mais apropriada do banco do motorista para que eu ficasse a uma distância confortável para os pedais e comandos fez com ficasse com a perna esquerda levemente arqueada e que meu joelho esbarrasse constantemente na mencionada alça.

Espaço não é escasso
Atrás, levando-se em conta o tamanho do carro, o espaço para os passageiros é bem satisfatório. Diferentemente de outros sedãs derivados de hatches, o entre-eixos do Cronos é exatamente o mesmo de irmãozinho Argo. A diferença está no desenho do banco traseiro, um pouco mais curto no neste três volumes. Ainda assim, ali podem viajar sem tortura dois adultos bem acomodados.
Como costuma acontecer em carros com esta configuração de carroceria, o espaço no porta-malas é um dos pontos altos. São 525 litros que, dobrando o encosto do banco traseiro (bipartido, em seções de 1/3 e 2/3) são praticamente duplicados. O acesso é bom, mas como acontece também com praticamente todos os carros desse segmento, as dobradiças da tampa roubam um pouquinho do espaço nas laterais.

Temperamento tranquilo
Nas ruas e estradas em que dirigi, a característica do Cronos que mais me chamou a atenção foi sua serenidade. Seja com o motor 1.3 ou com o 1.8, a menos que você eleve as rotações para cima dos três mil e quinhentos giros, o silêncio é quase total. E tanto o câmbio automático de seis marchas da versão Precision 1.8 quanto o automatizado GSR da versão Drive 1.3 ajudam a realçar bem essa característica. Salvo em momentos em que se precisa de um pouco mais de agilidade e, para isso, tem de pisar mais fundo no acelerador, as trocas de marcha são feitas em giros baixos – coisa que, aliás, você, se quiser, também poder fazer por si mesmo usando o câmbio manual, é claro. Há sempre torque suficiente para rodar assim sem ter de se preocupar.

Dirigindo de um modo um pouco menos tranquilinho e dando prioridade ao prazer em relação à economia, a coisa muda um pouco de figura. No caso das versões 1.8, há quatro válvulas por cilindro e duas delas só começam a funcionar acima de uma certa rotação. Na prática, a parte mais divertida da história fica acima dos 4.500 rpm. Isso significa ouvir bem o rugido que vem de sob o capô, enquanto o comportamento pacato do carango dá lugar a alguma impetuosidade. Nada assim tão impressionante, mas bem satisfatório para sua proposta. Dizer que falta motor ao Cronos 1.8 seria, no mínimo, uma injustiça.
Ou seja, se você gosta de dirigir com uma tocada mais esportiva, a versão 1.8 Precision com câmbio manual de cinco marchas certamente vai lhe agradar mais. Com ele, é mais fácil controlar e manter o motor em giro mais alto – e, assim, mais esperto. Embora o curso da alavanca de mudanças seja um pouquinho longo, os engates são fáceis e a embreagem não é pesada. Só fica chato, mesmo, em engarrafamentos – mas isso não é culpa do carro, claro.

Fiat Cronos Drive GSR 2019 | Henrique Koifman

Com o 1.3 a história é parecida. Embora tenha apenas duas válvulas por cilindro, o motor é bem-disposto e sobe mais rapidamente de giro que seu irmão maior. Acionando a teclinha Sport do câmbio GSR, ele passa a ter um comportamento bem menos burocrático. Pise sem medo no acelerador e os 14,2 kgfm de torque e quase 110 cavalos de potência anunciados com álcool aparecem animadinhos para empurrar o Cronos com alegria.
Menos é mais?
Não pela performance em si – afinal, o 1.8 tem quase 140 cv de potência e pouco mais de 19 kgfm de torque –, mas pela sensação de dirigir, pelo relacionamento animado entre o meu pé direito e sua performance, pela confiança que ele, o motor, seus sons e respostas me transmitiram, achei esse Cronos mais barato um tanto mais divertido. Além de tudo, ele consome bem menos combustível que seu irmão mais caro. Fiquei com vontade de dirigir um carro igual, mas equipado com o câmbio manual de cinco marchas, para ver do que esse 1.300 é realmente capaz.
Confira agora a ficha técnica dos modelos mostrados aqui:
Fiat Cronos 2019 – ficha técnica
(dados do fabricante)
Versões Precision 1.8 manual e AT6
Motor dianteiro, transversal.
4 cil. e 16 válvulas (flex), 1747 cm³, tração dianteira
Potência(cv) 139 (álc)/135 (gas) a 5.750 rpm
Torque (kgfm) 19,3 (álc) / 18,8 (gas) a 3.750 rpm
Câmbio: manual de 5 m. ou aut. de 6 m.
Versão Drive 1.3 GSR
Motor dianteiro, transversal.
4 cil. e 8 válvulas (flex), 1332 cm³, tração dianteira
Potência(cv) 109 (álc)/101 (gas) a 6.250 rpm
Torque (kgfm) 14,2 (álc) / 13,7 (gas) a 3.500 rpm
Câmbio: automatizado de 5 m.
Para todas as versões:
Suspensão: dianteira, independente, McPherson; traseira, eixo de torção
Direção elétrica
Rodas e pneus: 1.8 Precision: 195/55 R16; 1.3 Drive GSR: 185/60 R15
Freios a discos ventilados (diant)/ tambor (tras)
Dimensões(m): compr. 4,364m; larg. 1,726m, alt. 1,51m, entre-eixos 2,52 m
Porta-malas: 525 litros
Tanque: 48 litros
Desempenho: (gasolina/álcool)
Precision 1.8 AT6
Vel. máx: 195 km/h / 196 km/h, 0 a 100 km/h: 10,8s / 9,9s
Consumo urbano: 10,3 km/l/ 7,2 km/l, Consumo estrada: 13,3 km/l / 9,6 km/l
Precision 1.8 manualAT6
Vel. máx: 196 km/h / 198 km/h, 0 a 100 km/h: 9,6s / 9,2s
Consumo urbano: 11,6 km/l / 8 km/l, Consumo estrada: 13,8 km/l / 9,6 km/l
Drive 1.3 GSR
Vel. máx: 178 km/h / 183 km/h, 0 a 100 km/h: 12,2s / 11,5 s
Consumo urbano: 12,7 km/l (gas)/ 8,8 km/l, Consumo estrada: 14,8 km/l (gas)/ 10,4 km/l
Preços (a partir de; janeiro de 2019):
1.3 Drive GSR 2019 – R$ 60.800
1.8 Precision 1.8 manual – R$ R$ 68.600
1.8 Precision AT6 – R$ 74.000
Fonte: Blog Rebimboca

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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